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Um pulo em Paris
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Direto da redação da Rádio França Internacional em Paris, em parceria com a Rádio CBN, Adriana Moysés e Daniella Franco contam as novidades e curiosidades de um dos lugares mais visitados do mundo.
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×A França aprovou uma lei que proíbe a venda e a distribuição do cigarro eletrônico descartável no país. Há anos a Liga contra o Câncer e outras entidades médicas denunciavam os riscos para a saúde do consumo de vapes descartáveis de sabores variados, uma febre entre os adolescentes franceses. Mas a lei demorou para ser votada, devido ao lobby exercido pela indústria do tabaco na Europa. Na França, os adolescentes chamam o vape ou pod de "puff". Apesar das advertências sobre a alta e rápida dependência que esses produtos à base de sais de nicotina criam no fumante, o Senado francês só conseguiu aprovar sua proibição definitiva nesta quinta-feira (13). O projeto de lei francês passou por uma avaliação da Comissão Europeia, que aprovou globalmente os termos antes da votação final no Senado, mas recomendou excluir da lei francesa os cigarros eletrônicos recarregáveis, que continuam a ser vendidos nas tabacarias. Com essa legislação, a França se torna o segundo país no bloco europeu a proibir a venda do vape descartável, depois da Bélgica. O Reino Unido pretende proibir o comércio do produto até junho desse ano. O texto francês tem semelhanças com a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), revista em abril de 2024 para incluir estudos recentes. A fórmula dos vapes descartáveis, com aroma de menta, morango ou chocolate, à base de sais de nicotina, um derivado muito mais concentrado que a nicotina tradicional, potencializa a absorção dessa substância pelo organismo. Por isso, causa uma dependência precoce e intensa, segundo os médicos. Em 2023, uma pesquisa feita pela Aliança Contra o Tabaco mostrou que 15% dos adolescentes franceses de 13 a 16 anos já haviam usado vapes descartáveis e, destes consumidores, 47% disseram que começaram, em seguida, a fumar cigarros convencionais ou passaram para os cigarros eletrônicos recarregáveis. Círculo vicioso Reportagens realizadas nesta sexta-feira (14) em colégios da região parisiense, para repercutir a proibição da venda dos vapes, mostrou fumantes, principalmente meninas de 12, 13, 14 anos de idade , nervosas com a perspectiva de não encontrar o produto à venda num futuro próximo. Algumas contaram que, depois de ficarem dependentes do vape, passaram a fumar cigarros e maconha. O vape descartável irá sair das prateleiras das tabacarias francesas, mas a venda clandestina não deve desaparecer tão cedo. Os adolescentes que consomem o produto dizem que não compram o "puff" no comércio de rua por custar mais caro. Os preços por unidade variam de R$ 48,00 a R$ 120,00, dependendo do modelo. Os estudantes preferem se abastecer online ou com fornecedores pelas redes sociais por um preço mais em conta. O problema é que nessa relação, os adolescentes já são apresentados a outros produtos, como cigarros contrabandeados e maconha. O Comitê Nacional contra o Tabagismo (CNTC), uma associação independente, acredita que os fabricantes vão driblar a lei recém-aprovada e adaptar os vapes com aroma para aparelhos com um número limitado de recarga das baterias, para continuar atraindo os jovens ao consumo, uma vez que os aparelhos recarregáveis continuam autorizados. Essa indústria vive da dependência. Em média, 200 pessoas morrem por dia na França por doenças decorrentes do tabagismo. Problema de saúde pública e ambiental Durante os debates na Assembleia e no Senado, os parlamentares discutiram estudos que mostram que a alta concentração de sais de nicotina, e de outras substâncias tóxicas encontradas nas fórmulas líquidas dos vapes, como o mercúrio, causam aumento da pressão arterial e alterações no sangue, com risco de infarto e de derrame cerebral, infecções e lesões pulmonares, e câncer a longo prazo. É um produto nocivo, viciante, que depois de um certo tempo de consumo requer ajuda médica para parar. Além da questão de saúde pública, existe o aspecto ambiental, com as milhares de baterias à base de lítio que equipam esses aparelhos de uso único e acabam descartadas nas ruas e na natureza, causando poluição ambiental. Parlamentares ecologistas estiveram na iniciativa do projeto de lei. A ministra da Saúde e do Trabalho, Catherine Vautrin, disse que a aprovação unânime da lei pelos deputados e senadores demonstra "uma consciência coletiva" da necessidade de proteger os jovens. Mas falta um trabalho de polícia na cadeia de distribuição. Novo canabinoide sintético preocupa autoridades A Agência Francesa de Medicamentos (ANSM) publicou um alerta na semana passada sobre os "sérios riscos para a saúde" provocados por um canabinoide sintético conhecido como "Buddha Blue" ou "Explode Crânio", como vem sendo chamado entre os franceses (PTC - Pète ton Crâne). Essa substância é vendida na forma líquida para inalação no cigarro eletrônico, que acelera seus efeitos. O usuário encontra o produto à venda nas redes sociais ou por meio de traficantes que rondam as saídas das escolas. Por enquanto, o consumo de "Buddha Blue" foi identificado nos arredores de escolas na região parisiense e no leste da França. O custo para um usuário frequente é de cerca de € 10,00, aproximadamente R$ 60,00, quatro vezes menos que alguns gramas de maconha . Os efeitos colaterais do "Buddha Blue" descritos pelos médicos são de arrepiar: alucinações, ataques de pânico, náusea, vômito, taquicardia, dor abdominal e no peito, problemas renais, amnésia, perda de consciência, convulsões, síndrome de abstinência. O monitoramento desse canabinoide sintético, iniciado em 2019, aponta 215 casos de intoxicação e uma morte na França. É mais um caso de fabricação e venda clandestina de um produto que imita uma droga e desperta a curiosidade dos jovens.…
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1 França relança debate sobre nacionalidade para filhos de estrangeiros nascidos em seu território 12:49
12:49
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A França aprovou na quinta-feira (6) um projeto de lei que pode restringir o chamado “direito de solo” na ilha de Mayotte, território francês no sudeste da África, para tentar conter a imigração no local. Nesta sexta-feira (7), o primeiro-ministro François Bayrou e o ministro da Justiça Gérald Darmanin mencionaram a possibilidade de estender o debate sobre a questão para o resto do país. “O debate público deve ser aberto sobre o direito de solo na França”, declarou Darmanin diante da Assembleia Nacional de Deputados. O ministro se disse até mesmo favorável a uma modificação das leis sobre essa questão na Constituição francesa. Já François Bayrou defendeu, em entrevista à rádio francesa RMC, a ideia de “um amplo debate”, que abordaria também outro assunto sensível, sobre “o que é ser francês”. “O que isso traz como direitos? O que isso impõe como deveres? O que isso implica em vantagens? (…) No que acreditamos quando somos franceses?”, questionou. As declarações ocorrem um dia depois que a Assembleia Nacional de deputados adotou, em primeira leitura, um projeto de lei, de autoria do partido de direita Os Republicanos, que pode restringir o “direito de solo” em Mayotte, onde metade da população é estrangeira . Neste território francês, as regras para a obtenção da nacionalidade são diferentes do resto do país. Atualmente, filhos de estrangeiros que nascem na ilha recebem a cidadania se a mãe ou o pai estiverem vivendo no local por ao menos três meses. Caso o projeto seja definitivamente adotado, as regras dificultarão o processo, já que tanto pai e mãe precisarão morar ao menos três anos em Mayotte para que seus filhos obtenham a nacionalidade francesa ao nascer. Na França metropolitana as regras são diferentes: a nacionalidade é atribuída automaticamente à criança que nascer em solo francês e tiver ou a mãe francesa ou pai francês. Um bebê de mãe e pai estrangeiros que vivem na França só obtém a nacionalidade se a família provar que reside na França durante ao menos cinco anos e a partir dos 11 anos da criança. Muitos menores filhos de estrangeiros optam também por esperar até os 18 anos para receber a cidadania, desde que estejam vivendo na França. Discurso anti-imigração A aprovação do projeto de lei ocorre na esteira do aumento do discurso anti-imigração na França. Bayrou não poupa críticas às regras de naturalização no país. Segundo ele, “milhares de pessoas chegam com a ideia de que se colocarem crianças no mundo, elas serão francesas”. Há duas semanas, o primeiro-ministro chocou parte da classe política e da opinião pública ao utilizar o termo “submersão imigratória” , durante uma entrevista a um canal de TV francês. Segundo ele, "contribuições estrangeiras são positivas para um povo, desde que não excedam uma proporção". "A partir do momento que você tem o sentimento de submersão, de não reconhecer mais o seu país, os modos de vida ou a cultura, você tem a rejeição", reiterou. A expressão “submersão imigratória” foi criada nos anos 1980 por Jean-Marie Le Pen, ícone da extrema direita francesa, falecido em janeiro, fundador do partido ultranacionalista Frente Nacional (atualmente Reunião Nacional, dirigido pela filha, Marine Le Pen). Nas últimas décadas, o termo expressão foi utilizado por políticos, militantes e simpatizantes da extrema direita na França, com o objetivo de criar uma sensação alarmista sobre a imigração. A atitude de Bayrou foi alvo de uma enxurrada de críticas pela esquerda francesa. Para a deputada ecologista Cyrielle Chatelain, a utilização da expressão "submersão imigratória" é "vergonhosa", principalmente da parte de um chefe de governo. No canal de TV LCI , Manuel Bompard, coordenador do partido da esquerda radical França Insubmissa, classificou de "extremamente chocante" as afirmações do premiê francês que "não correspondem absolutamente à realidade". "Jamais teria feito essas afirmações e elas me incomodam", declarou a presidente da Assembleia de Deputados da França, Yaël Braun-Pivet, do partido governista Renascimento, em entrevista ao canal BFMTV e à rádio RMC . "Estamos falando de homens e mulheres, de nosso país, a França, que por meio de sua história, sua geografia, sua cultura, sempre acolheu e se construiu por meio desta tradição", reiterou. França está "submersa" por imigrantes? O Ministério do Interior da França divulgou nesta semana o relatório anual sobre a imigração no país . Números do próprio governo mostram que a quantidade de entradas de estrangeiros no país é estável há 15 anos. Em 2024, 337 mil carteiras de residência temporária foram emitidas pela França a estrangeiros, com um leve aumento de 1,8% em relação ao ano anterior. Um terço desses documentos (109 mil) foram destinados a estudantes. Quase 91 mil estrangeiros receberam as chamadas “ cartes de séjour ”, os vistos que autorizam a estadia, por motivos familiares e 55 mil por razões econômicas e humanitárias. Pouco mais de 31 mil pessoas que viviam em situação ilegal na França foram regularizadas em 2024: número que registrou queda de 10% em relação ao ano anterior. Além disso, o governo francês recebeu pedidos de asilo de quase 156 mil pessoas em 2024, em queda de 5,5% em comparação a 2023. Segundo dados do Instituto Francês de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee), 10,7% da população francesa é imigrante. Entre eles, estão incluídos 3,5% de pessoas originárias de outros países da Europa. Em comparação com as nações vizinhas, a França é um dos países que menos recebe estrangeiros. Na Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Irlanda e Suécia, cerca de 20% da população é imigrante.…
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1 Futebol francês presta homenagem a parisiense de 14 anos morto em assalto de celular 11:31
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O assassinato de um estudante de 14 anos em Paris, esfaqueado por dois menores de 16 e 17 anos por ter se negado a entregar o telefone celular num assalto, está gerando um grande debate entre os franceses sobre a violência entre jovens. Os juízes de menores e os pais dos infratores são criticados por uma pretensa condescendência na aplicação de penas e na educação dos adolescentes, mas a realidade é bem mais complexa. O adolescente morto, chamado Elias, de 14 anos, aluno do 9° ano de um colégio público de ensino de elite em Paris, o Lycée Montaigne, foi abordado por dois jovens menores, mais velhos do que ele, na sexta-feira passada (24), quando saía de um treino de futebol, às 20h, num estádio mantido pela prefeitura num bairro tranquilo de Paris, o 14° distrito da capital, perto de Montparnasse. Ele voltava a pé para casa, acompanhado de um amigo, e resistiu ao assalto – não quis entregar o celular. O garoto, filho de um médico parisiense, foi esfaqueado no ombro. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no dia seguinte no hospital. Esse crime sórdido provoca comoção entre os franceses por vários motivos. É raro acontecer roubo com arma e uso de violência física em Paris, ainda mais contra um estudante dessa idade. Os furtos são frequentes, mas às vezes a pessoa nem se dá conta por não envolver agressão. As idades dos envolvidos e a violência gratuita é algo ainda inaceitável na sociedade francesa. Os dois agressores foram rapidamente identificados e presos, pois eram conhecidos da polícia e da Justiça de Menores desde 2021 por outros roubos e porte de armas. O serviço social da prefeitura e educadores do bairro onde o crime aconteceu também conheciam as ameaças que eles representavam aos frequentadores do estádio municipal. Neste fim de semana, todos os estádios de futebol onde acontecem jogos da Liga 1 e Liga 2 francesas farão um minuto de silêncio antes do início das partidas em homenagem a Elias. A decisão foi anunciada pela Federação Francesa de Futebol Profissional. Autor do crime estava solto, apesar de ter recebido condenação O rapaz de 16 anos, que confessou ter dado o golpe letal no estudante, tinha sido condenado em 2023 a dois anos de medidas educativas e controle judiciário. Por decisão do juiz de menores que acompanhava o caso, ele estava proibido de falar com o amigo de 17 anos, o que soa, para os franceses, como uma medida insuficiente e "idiota", porque os dois moravam no mesmo condomínio. A dupla também estava proibida de sair à noite, de 22h às 6h da manhã, o que não impede ninguém de matar no restante do dia. A situação social dos dois amigos não é considerada particularmente desfavorável pelas autoridades. Os pais dos dois indiciados não são ausentes na educação dos filhos. A mãe do menor de 16 anos é chefe de família. Ela é descrita pelos juízes como uma pessoa sobrecarregada, mas não descomprometida com a educação. Violência aumenta entre jovens propensos à agressividade A conclusão a que se chega diante desse crime horroroso é que entre a parcela de jovens propensos à violência na França, até os medianamente inseridos estão mais violentos. Juízes de menores observam que a violência gratuita é típica em adolescentes, geralmente por motivos fúteis. Eles desconhecem a consequência de seus atos, segundo magistrados experientes. Em dados estatísticos, a violência de menores recuou na França e os números são considerados estáveis desde 2016. De acordo com magistrados das Varas da Infância e Adolescência, do total de crimes cometidos no país, 7% envolvem menores. Em Paris, 30% dos roubos são executados por adolescentes, também envolvidos em 40% dos furtos em apartamentos. O que está em alta, segundo os especialistas, é a gravidade dos crimes que os adolescentes cometem : 20% do total de ocorrências são casos de homicídio, estupro e porte de armas proibidas, como facas e pistolas, mais usadas pelo narcotráfico. Polícia não sabe como conter uso de armas brancas pelos jovens Por outro lado, policiais e professores dizem que não sabem mais o que fazer diante do número crescente de adolescentes que andam armados com facas, até dentro de escolas. Tutoriais com instruções de como manejar bem uma faca de cozinha ou um punhal têm milhares de visualizações no Telegram e em vídeos no TikTok, com protagonistas adolescentes. As campanhas de prevenção contra esse tipo de conteúdo são inexistentes. Desde segunda-feira, os dois indivíduos envolvidos no assassinato de Elias cumprem pena de prisão preventiva. A conclusão das investigações deve ser rápida pela quantidade de testemunhas que viram o crime, o histórico judicial dos dois suspeitos, e a confissão do menor de 16 anos. Os dois foram indiciados pelo crime de extorsão com resultado em morte e podem ser condenados à prisão perpétua, o que seriam 30 anos de reclusão, mesmo sendo menores de idade. Se o júri popular fizer uma concessão pela minoridade, um atenuante que existe na legislação francesa, a pena cai para até 20 anos de prisão. Políticos querem nova lei, mas juízes contestam Devido à repercussão do crime e de milhares de estudantes e pais temerem pela vida dos filhos por causa de um aparelho de celular, os ministros da Justiça e do Interior, de linha-dura, já querem fazer propostas de endurecimento da legislação em vigor. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, embora seja do partido da direita democrática (LR), é comparado a um populista de extrema direita. Nesta semana, Retailleau disse que vai apresentar um projeto de lei para introduzir penas curtas de dois anos de prisão para adolescentes, desde a primeira condenação judicial, como faz a Holanda, e penas de até três anos de reclusão e multas para os pais de infratores reincidentes . Essas propostas são consideradas demagógicas pelos juízes franceses. Eles argumentam que a legislação atual já permite a um magistrado aplicar uma pena de reclusão imediata na faixa etária de 16 a 18 anos. Os juízes de menores têm ordenado com frequência as chamadas “medidas educativas”, em que um menor deve ser internado em um centro fechado e passar até dois anos no estabelecimento educativo, recebendo atendimento psicológico, às vezes psiquiátrico, e disciplinar. A Justiça garante não haver condescendência por parte dos magistrados. Os infratores condenados ficam soltos por falta de vagas nos centros educativos de reinserção. Mas sobre isso, os políticos se omitem.…
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1 França bate novo recorde ao receber mais de 100 milhões de turistas em 2024 14:25
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Disukai14:25
A França se mantém no topo do ranking dos países mais visitados do mundo. Segundo estatísticas divulgadas nesta semana pelo Ministério do Turismo, o país recebeu mais de 100 milhões de visitantes estrangeiros em 2024. Daniella Franco, da RFI Dois milhões de turistas a mais visitaram a França no ano passado , em comparação com 2023. O país também comemora um aumento de 12% de lucros no setor, chegando ao total de € 71 bilhões de euros (mais de R$ 443 bilhões). Segundo o relatório do Ministério do Turismo, os principais responsáveis por esse salto foram os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris. No entanto, dois outros eventos também serviram para turbinar o setor: as comemorações do aniversário de 80 anos do desembarque das tropas aliadas, em junho, e a reabertura da catedral de Notre Dame, em dezembro. O turismo francês também foi beneficiado pela retomada do setor em todo o mundo pós-pandemia. Em 2024, 1,4 bilhão de turistas fizeram uma viagem internacional. Belgas e norte-americanos É do norte da Europa e dos Estados Unidos de onde veio a maior quantidade de turistas estrangeiros que a França acolheu em 2024. Para os belgas, a França é o destino número 1. Já os visitantes norte-americanos são considerados pelo Ministério do Turismo como “incontornáveis”, impulsionados pela dinâmica econômica e poder aquisitivo. Os países asiáticos registraram em 2024 uma aceleração em termos de estadias, especialmente a China (+40%) e o Japão (+20%). Mas esses públicos não retomaram o mesmo nível de antes da pandemia . De fora da Europa, o relatório também destaca um maior interesse de visitantes indianos, mexicanos, canadenses e sul-coreanos. Turistas brasileiros Segundo a Agência de Desenvolvimento Turístico da França (Atout France), turistas brasileiros e brasileiras foram a segunda nacionalidade não-europeia a mais desembarcar em Paris durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil é considerado pela França como o terceiro mercado de voos de longa distância fora da Europa. O país está na mira do setor do turismo francês já que 2025 é o Ano do Brasil na França . O evento, cuja parceria foi firmada durante a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Paris no ano passado, vai coincidir com os 200 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a França. Assim, o setor do turismo francês aposta em um crescimento de 7% na vinda de turistas brasileiros à França. O aumento deve começar a se confirmar já no primeiro trimestre de 2025, dependendo da taxa de câmbio euro x real. O Brasil representa para a França mais 700 milhões de euros de lucros no setor do Turismo. A Atout France também tem um perfil do turista brasileiro que vem à França: indivíduos de 45 a 65 anos, admiradores da cultura francesa, que viajam em casal ou com a família e com tendência de repetir a experiência. Os visitantes que chegam do Brasil têm como principais interesses “experiências urbanas, novas tendências, eno-gastronomia e compras” e também se interessam por outras cidades além de Paris: Bordeaux, Nice, Saint-Tropez, além das regiões da Loire (centro) e da Normandia (norte). Turismo de massa Ao mesmo tempo em que a França bate recordes de visitantes, o debate sobre a questão do turismo de massa se intensifica no país . Embora o crescimento do setor seja positivo para a economia do país, ele tem consequências negativas para o meio ambiente e o bem-estar da população. Em 2023, o governo francês lançou um primeiro plano pra tentar conter o fenômeno, depois de ter percebido que 80% da atividade turística na França se concentra sobre 20% do território. Entre as principais medidas, estão a determinação de limites de visitantes e taxas para locais que antes entram gratuitos. Nessa semana, veio à tona um pedido de socorro da direção do Louvre ao Ministério da Cultura da França . Esse que é o maior museu do mundo está enfrentando dificuldades estruturais e pedindo ajuda para a renovação dos espaços, a proteção das obras e a recepção de cerca de nove milhões de visitantes por ano. A ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, diz que pretende rever a política de ingressos do Louvre. O Ministério da Cultura seria a favor de aumentar os preços das entradas para os visitantes estrangeiros, uma iniciativa que já causa polêmica aqui. O SOS lançado pelo museu sensibilizou até o presidente francês, Emmanuel Macron. Segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (24) canal BFMTV , o chefe de Estado visitará o museu na próxima semana que vem, onde fará um discurso.…
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1 Apesar de garantia constitucional, aborto se tornou prática de médico militante na França 17:14
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A lei que legalizou o aborto na França completa, nesta sexta-feira (17), 50 anos. Em 2024, esse direito foi reforçado com uma menção incluída na Constituição, mas, na prática, essa conquista das francesas, que é uma exceção mundial, continua ameaçada. O procedimento é mal remunerado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. A data tem sido marcada por denúncias e uma intensa cobertura da mídia para ouvir mulheres que enfrentaram dificuldades recentes para abortar. Por dever de memória e transmissão, feministas e profissionais da saúde que viveram o antes e o depois da promulgação da lei que “descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez”, em 17 de janeiro de 1975, recordam os riscos que as mulheres corriam na época para abortar, os métodos empregados pelas "fazedoras de anjos" e as inúmeras mortes de jovens e mães por hemorragia e septicemia. Em meados dos anos 1970, a então ministra da Saúde, Simone Veil, enfrentou um plenário dominado por homens na Assembleia Nacional e aprovou essa imensa conquista, com o apoio do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing. Cinquenta anos depois, a luta feminista continua, porque o artigo 34 da Constituição francesa diz que o aborto é "uma liberdade explicitamente garantida às mulheres", mas a aplicação desse direito é remetida a leis complementares. Já no ano passado, a iniciativa do presidente Emmanuel Macron foi acolhida como um ato simbólico , que se confirma insuficiente na prática. Atualmente, o foco de combate das feministas francesas é questionar o princípio da “liberdade de consciência” concedida aos médicos, prevista no Código de Saúde Pública. Essa cláusula ganhou força nos últimos anos, com o ressurgimento do movimento patriarcal ultraconservador na França e em escala internacional. Outra constatação é que o procedimento médico em si não é valorizado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. Desde 2020, um relatório parlamentar já apontava que o aborto era mal remunerado e tinha se tornado uma prática de “médicos militantes”. Esse fenômeno é no mínimo contraditório em relação às garantias que o Estado francês diz oferecer às mulheres, uma vez que o aborto é gratuito no país e 100% coberto pelo sistema público de saúde. Faz 23 anos que o aborto induzido pela pílula abortiva foi autorizado nos consultórios. Esse avanço para a saúde feminina, recomendado até a sétima semana de gravidez, foi festejado na época. Mas de acordo com os números oficiais, só 14% das parteiras, 19% dos ginecologistas e 1,5% dos clínicos gerais acompanharam mulheres nesse processo em 2023. Naquele mesmo ano, para mitigar a carência, as obstetrizes, parteiras com formação universitária, foram autorizadas a praticar o aborto instrumental em estabelecimentos de saúde. Médicos voluntários desaparecem Nesta sexta-feira, a mídia transborda de relatos de francesas que enfrentaram dificuldades para encontrar um profissional no prazo que a lei estabelece para o aborto, seja por aspiração, até 14 semanas de gestação, ou com a pílula abortiva. A situação nas zonas rurais é mais complicada do que nas grandes cidades. Além da falta de médicos voluntários, o Movimento Francês de Planejamento Familiar, criado na década de 1960 e um orgulho das feministas, denuncia o fechamento de 130 unidades hospitalares dedicadas ao aborto nos últimos 15 anos. Esses centros desapareceram devido aos sucessivos cortes de orçamento na Saúde. O número de abortos se mantém relativamente estável desde a década de 1990, oscilando entre 220.000 e 230.000 casos por ano. De 2021 para cá, houve um aumento anual médio de 10 mil procedimentos. Mas como essa alta é recente e ainda acontece num contexto desfavorável à natalidade, é muito cedo para estabelecer as razões. Por outro lado, 50 anos depois da legalização do aborto persiste um "tabu gigantesco" na sociedade francesa sobre o assunto, na avaliação do Planejamento Familiar. O acesso à informação sobre o direito de abortar é a nova batalha , devido às campanhas de desinformação promovidas por movimentos ultraconservadores na internet. Pressão psicológica contra a mulher é crime Em 2017, a França ampliou o conceito do crime de obstrução ao aborto, que agora pune não apenas ações físicas, mas também pressão psicológica ou campanhas de desinformação. As penas podem ser de até dois anos de prisão e uma multa de € 30.000 (cerca de R$ 185.000, segundo o câmbio atual). Mas os opositores ao aborto, ligados ao movimento católico ultraconservador e à extrema direita, têm multiplicado as táticas para perturbar o funcionamento das unidades de atendimento e constranger as mulheres a usufruir de um direito constitucional. Para perturbar o bom funcionamento do sistema e desencorajar os profissionais de saúde a praticar o aborto, os ativistas antiaborto fazem agendamentos massivos de consultas usando perfis falsos de pacientes nos sites de clínicas e hospitais; promovem depredações desses locais durante a madrugada; aparecem nos pontos de atendimento com cartazes que insultam as mulheres; sem falar no show de horrores nas redes sociais, com a postagem de imagens ensanguentadas de pura desinformação sobre as técnicas abortivas e o suposto sofrimento do embrião, que cientificamente não existe no primeiro estágio da gravidez. A avalanche de fake news se profissionalizou com as redes sociais e hoje conta com financiamento interno e proveniente do exterior. O país que se orgulha de suas políticas na área de direitos humanos e das mulheres tem novos desafios pela frente.…
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1 Franceses defensores da democracia exigem resposta da UE contra ingerência política de Elon Musk 17:13
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Disukai17:13
As campanhas de influência lançadas pelo bilionário americano Elon Musk no X, que promovem suas visões ultraconservadoras e políticas de extrema direita na Europa, provocam reações na imprensa e mobilizam os defensores da democracia na França. No começo do mês, a série de tuítes difamatórios que Musk dirigiu ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer, acusando o trabalhista de ser "cúmplice de estupros em massa" num contexto falacioso , já tinha causado indignação entre internautas, políticos e jornalistas. Esta semana, as críticas ao bilionário aumentaram com a live de duas horas que ele fez nesta quinta-feira (9) no X com a líder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, candidata ao governo alemão nas eleições legislativas de fevereiro. Entre outras declarações falsas, Weidel disse na conversa com Musk que Adolf Hitler não era de direita, e sim de esquerda, porque a ideologia do nazismo era chamada de "nacional-socialismo" – o que já foi desmentido por historiadores. Diante dessa ingerência crescente de Musk no debate público europeu, usando o X para propagar fake news, uma deputada francesa apresentou esta semana uma denúncia contra o bilionário e sua rede social no organismo francês de regulamentação das plataformas digitais. A parlamentar Aurore Lalucq, que é da bancada socialista e democrata no Parlamento Europeu, pediu à Arcom – Autoridade Reguladora da Comunicação Audiovisual e das Plataformas Digitais na França – para investigar uma suposta manipulação nos algoritmos do X. Usuária do Twitter há vários anos e depois do X, ela diz que passou a ver, recentemente, muitos tuítes de Elon Musk em sua timeline, sem que ela tenha pedido para seguir o bilionário, o que sugere uma mudança no direcionamento das mensagens e nas regras de funcionamento declaradas aos reguladores. A França tem legislação própria e autonomia judicial para investigar esse tipo de denúncia. A eurodeputada ainda pediu à Comissão Europeia, que dispõe da lei de Mercados Digitais e da lei de Serviços Digitais, para agir e, se necessário, bloquear o X por “abusos recorrentes”. Para um número significativo de franceses ouvidos sobre o comportamento de Musk nos últimos dias, está na hora de salvar as democracias europeias do projeto ideológico ultradireitista de interesse tecnológico e industrial das plataformas americanas. Regulamentação europeia O modelo europeu de regulamentação das redes sociais inspirou legislações semelhantes em vários países, entre eles o Brasil. O bloco já aplicou multas bilionárias contra as empresas de tecnologia americanas e asiáticas. Mas com o retorno de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, a Comissão Europeia está hesitante, com medo de represálias , demonstrando um posicionamento de fraqueza criticado na França. Na quinta-feira (9), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, publicou um comunicado favorável aos americanos, sem mencionar solidariedade à Dinamarca pelos ataques de Trump à Groenlândia. Von der Leyen e o presidente do Conselho de Líderes Europeus, António Costa, disseram apenas que têm interesse em reforçar as relações com Washington. Essa atitude foi considerada "omissa" e "vergonhosa" por várias personalidades. Um advogado francês especialista na área digital, Etienne Papin, listou cada uma das ofensas de Musk ao primeiro-ministro britânico e ao chanceler alemão, à luz das legislações nacionais dos dois países e da Lei de Serviços Digitais do bloco. Mesmo se o Reino Unido não faz mais parte da União Europeia, o advogado mostrou que as declarações de Musk podem ser enquadradas como crimes e delitos sujeitos a sanções. O advogado descreve a situação nos seguintes termos: é “uma guerra de civilização entre magnatas da tecnologia dos EUA, de cultura duvidosa, contra uma Europa que se construiu sobre as bases do humanismo, do iluminismo e da busca da verdade”. Não há razão, na opinião desse especialista, de os europeus se envergonharem desses valores. Prêmio Nobel de Física pede resposta rápida Outra personalidade, o francês Alain Aspect, prêmio Nobel de Física de 2022, também foi à mídia criticar o "imobilismo" da Comissão Europeia, que, segundo ele, "não pode se acanhar diante dessa ofensiva dos americanos". Diante da desinformação e das teorias da conspiração, o Nobel de Física insistiu que “só a ciência permite às pessoas tomar consciência dos problemas” e resolvê-los. Destruir a reputação da imprensa tem sido uma estratégia recorrente da extrema direita. Desde que Mark Zuckerberg, dono da Meta, decidiu seguir os passos de Musk, nesta semana, e acabar com o sistema de checagem de fatos no Facebook e no Instagram, por enquanto nos Estados Unidos, os jornais franceses têm publicado editoriais para defender que a União Europeia não se curve à “ofensiva ideológica” proveniente dos Estados Unidos. Le Monde aponta "erro" e pede firmeza à UE O Le Monde escreve em seu editorial, nesta sexta-feira (10), que a Comissão Europeia está errada em vacilar nessa hora, em ter medo de Trump. Segundo o Le Monde , “é preciso distinguir entre a relação com o futuro presidente da potência que garante a segurança dos seus aliados europeus e a resposta a dar aos CEO das redes sociais, por mais próximos que estejam de Trump”. Fato raro nos tempos atuais, o Le Monde dá razão ao presidente Emmanuel Macron, que logo assinalou que a ofensiva de Musk era política, e insiste numa resposta firme e rápida da União Europeia, com os instrumentos que a regulamentação de serviços digitais do bloco prevê contra fake news e ingerência eleitoral externa. Meloni manifesta apoio a Musk A única dirigente que defendeu abertamente Musk até agora foi a premiê de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni. Ela chamou Musk de "gênio". No entanto, o apoio de líderes de países onde a extrema direita se fortaleceu, como Itália, Hungria, Eslováquia, Holanda, Finlândia, Suécia, já era esperados. Na Áustria, país onde o partido de extrema direita local chegou à frente em eleições legislativas recentes e começou a negociar a formação de um governo, 50 mil pessoas participaram de protestos nas ruas de Viena na noite de quinta-feira para exigir que a extrema direita seja excluída de uma coalizão governamental. Apesar do fenômeno do neofascismo ter se instalado no cenário político europeu, essa ideologia reacionária também enfrenta forte resistência popular. O jornal Ouest France chegou a fazer uma piada machista sobre a fascinação da italiana Giorgia Meloni por Elon Musk, dizendo que, agora, o bilionário tinha "outra paixão", a alemã Alice Weidel, da AfD. Uma investigação aberta em dezembro de 2023 pela Comissão Europeia emitiu conclusões preliminares de que a rede X de Musk violou a de lei Serviços Digitais em diferentes aspectos, como técnicas supostamente enganosas para manipular o comportamento do usuário, transparência publicitária e acesso a dados para pesquisadores. Mas as conclusões definitivas não foram publicadas, nem houve anúncio de multas pelas infrações.…
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1 Novo radar combate a poluição sonora de carros e motocicletas nas cidades francesas 10:17
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Depois de uma fase experimental, a França ampliará a cobrança, em 2025, de uma multa de € 135 para carros, motocicletas e scooters que emitirem mais de 85 decibéis de ruído nas vias públicas. No câmbio desta sexta-feira (20), esse valor equivale a cerca de R$ 865. A França tem milhares de motoqueiros e motoristas que gostam de ronco de motor, de escapamento aberto, fedido e barulhento, sem o menor respeito pelos ouvidos e pulmões dos outros. Mas esses abusos vão custar caro a partir do ano que vem. O Centro de Informação sobre o Ruído (CidB), uma organização pluridisciplinar de interesse público, que promove uma série de ações e estudos contra a poluição sonora, fez um teste de madrugada em Paris com um scooter sem silenciador no escapamento e chegou a um resultado impressionante. O barulho provocado pelo motoqueiro em um trajeto de 7 km, entre a praça da Bastilha e o Arco do Triunfo, acordou 11 mil pessoas. Em 2025, o combate aos escapamentos barulhentos, adulterados pela remoção dos silenciadores ou por falta de manutenção adequada entra em nova fase. Um novo modelo de radar, chamado Hydra, desenvolvido para multar aqueles que não respeitam o limite de 85 decibéis, está em fase final de homologação e será instalado nas principais cidades do país. O Hydra foi desenvolvido por uma entidade chamada Bruitparif, que desde 2004 reúne representantes da sociedade civil e do poder público para avaliar a poluição sonora causada pelo trânsito, realizar pesquisas e propor soluções na região Île-de-France, onde fica Paris. Esse radar, projetado num poste alto, equipado com câmeras, sensores de ruído e microfones, é capaz de calcular em frações de segundos os decibéis emitidos por veículos, motos e scooters, mesmo em um contexto de tráfego denso. Acima dos 85 decibéis, o radar registra o excesso de ruído, fotografa a placa do infrator e transmite a multa para uma central de arrecadação. Desde 2022, o Hydra é testado em fase experimental em sete cidades francesas, incluindo Paris. O equipamento também mediu a poluição sonora em Berlim, Genebra, Bruxelas e Barcelona. O aparelho está em fase final e homologação e será implantado em todo o território francês no segundo semestre deste ano. Até lá, policiais continuarão a fazer a fiscalização nas ruas e aplicar a multa de € 135. Poluição sonora causa de doenças A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera níveis sonoros acima de 65 decibéis (dB) como poluição. Para o tráfego rodoviário, a recomendação da OMS é de no máximo 53 dB durante o dia e abaixo de 45 dB à noite e de madrugada, portanto bem abaixo do valor de referência adotado neste momento na França. Estudos científicos têm comprovado que o barulho é o segundo fator ambiental que mais causa problemas de saúde e perde apenas para a poluição atmosférica, segundo a OMS. A poluição sonora pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, provocar distúrbios metabólicos, zumbido crônico no ouvido, perda de audição, entre outras patologias. Recentemente, deputados de esquerda tentaram aprovar na Assembleia francesa um imposto adicional na compra de motocicletas, mas perderam a batalha. Por outro lado, as associações da sociedade civil que militam contra o barulho e a poluição no trânsito estão comemorando a instalação desse novo modelo de radar. Sem pegar no bolso do usuário, difícil provocar mudança de hábito Os lobbies pró e contra medidas de adaptação a cidades mais resilientes e livres de poluição são ativos na França, e as mudanças requerem um tempo de aceitação. Na experiência francesa, as multas caras têm sido dissuasivas. Até abril de 2024, motocicletas e scooters eram isentos de passar por uma vistoria técnica periódica, mas obrigatória para carros há muito tempo. Essa fiscalização feita em oficinas especializadas certificadas pelo governo verifica se as emissões sonoras e de gases estão de acordo com os índices previstos na lei. Os motoqueiros sempre alegaram que já poluíam menos do que os carros e, por isso, não deveriam ser fiscalizados. Durante meses, eles fizeram vários protestos para denunciar a vistoria técnica, que custa em média de € 60 a € 80 (R$ 380 a R$ 507, dependendo das cilindradas), mas foram derrotados. Os franceses reclamam de viver num Estado que “atazana” o cidadão com normas, multas e impostos excessivos. Mas o poder público vem aplicando, em etapas, a Lei da Normatização da Mobilidade, promulgada pelo Ministério da Transição Ecológica em 2019, que visa, entre outros objetivos, promover investimentos de infraestrutura e combater a poluição sonora e atmosférica nas cidades. A prefeitura de Paris, sob a gestão da socialista Anne Hidalgo, tem sido incisiva em suas políticas nessa área. Os carros têm sido banidos do centro da cidade , substituídos por bicicletas e quilômetros de ciclovias. Em fevereiro deste ano, o valor cobrado pela hora de estacionamento dos modelos SUV, considerados mais poluentes, foi triplicado. Contra a incivilidade nas ruas, em 2023, os parisienses aprovaram, em um referendo proposto pela prefeitura, a proibição dos patinetes elétricos de aluguel, porque os usuários não respeitavam os pedestres e causavam acidentes.…

1 Em discurso de posse, novo primeiro-ministro da França promete “não esconder e nem negligenciar nada” 12:36
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O centrista François Bayrou tomou posse nesta sexta-feira (13) como o novo primeiro-ministro da França, o quarto em apenas um ano. Em uma rápida cerimônia no Hôtel de Matignon, em Paris, o chefe de governo escolhido por Emmanuel Macron afirmou estar ciente das dificuldades que enfrentará, mas se disse disposto a enfrentar os desafios “com os olhos abertos”. Ao lado de Michel Barnier, destituído na semana passada, François Bayrou fez um discurso improvisado, prometendo "não esconder e nem negligenciar nada". Adotando um tom pessoal, o líder centrista também prevê acabar com “o muro de vidro” entre os cidadãos e o poder. Para isso, ele sabe que terá um longo e árduo caminho. “Ninguém mais do que eu conhece a dificuldade da situação”, afirmou Bayrou, evocando o impasse político e econômico da França. “Não ignoro o Himalaia que aparece diante de nós”, reiterou. Para ele, o déficit do país atinge 6,1% do PIB, e a dívida de € 60 bilhões por ano, “é um problema moral e não apenas financeiro”. O orçamento para 2025, além das divisões políticas na Assembleia dos Deputados, serão os grandes desafios do premiê em seu início de governo. Resta saber se ele conseguirá se manter no poder, já que, a exemplo de seu antecessor, Michel Barnier, Bayrou também poderá enfrentar uma moção de censura na Assembleia de Deputados . Antes dele, o chefe de governo destituído na semana passada, Michel Barnier, foi quem inaugurou a cerimônia de posse, com um breve discurso. Em sua fala, o ex-premiê fez duras críticas aos deputados da esquerda e da extrema direita responsáveis por sua queda, há nove dias. Segundo ele, a aliança entre as duas forças políticas opostas deixou o país “em uma situação inédita e grave”. Barnier não poupou elogios ao novo primeiro-ministro, destacando sua tenacidade e seu engajamento. “Nosso país precisa de verdade”, afirmou o republicano, recebendo um longo aplauso dos ex-ministros que fizeram parte de seu efêmero governo, que durou apenas três meses. Forte aliado de Macron Peso-pesado da política francesa, François Bayrou é uma figura conhecida na França. O premiê já foi ministro da Educação nos anos 1990 e foi nomeado ministro da Justiça no primeiro mandato de Macron, cargo que deixou ao ser acusado de desvio de fundos públicos europeus. Em fevereiro deste ano, foi inocentado, mas dias depois o Ministério Público recorreu da decisão. Segundo o jornal Libération , o processo ainda não tem data para começar. Bayrou também exerceu vários mandatos de deputado na Assembleia francesa. Há dez anos é prefeito da cidade de Pau, no sudoeste da França. Ao longo de sua extensa carreira política, o centrista fundou o partido MoDem (Movimento Democrata) e disputou eleições presidenciais em três ocasiões, 2002, 2007 e 2012. Em 2017, desistiu de se candidatar para apoiar Macron. Essa fidelidade teve um peso importante na escolha do presidente para o novo chefe de governo. Macron precisa de apoio em um momento que sua popularidade está em 21% - o nível mais baixo desde que chegou ao poder. Bayrou: o homem da situação Desde a queda do ex-primeiro-ministro Michel Barnier, na semana passada, toda a imprensa francesa apostava na nomeação de Bayrou, classificado pelas mídias de "o homem da situação". O líder do MoDem nunca escondeu sua ambição de chegar ao cargo e em declarações recentes à imprensa francesa garantiu que estava pronto para assumir a chefia do governo. “Há um caminho a ser encontrado que reúna as pessoas no lugar de dividi-las. Acho que a reconciliação é necessária”, declarou o novo primeiro-ministro a jornalistas, logo após a nomeação. Embora analistas políticos afirmem ser difícil prever a constituição do governo Bayrou, acredita-se que a tendência é de uma nova administração de direita . O Partido Socialista, ala mais moderada da esquerda francesa, afirmou nesta tarde que continuará na oposição. Enquanto isso, a legenda França Insubmissa já ameaça o premiê com uma nova moção de censura. Na noite desta sexta-feira, o primeiro líder a ser recebido pelo premiê é o conservador Bruno Retailleau, ex-ministro do Interior de Barnier e uma das principais figuras do Partido Republicano. Do lado dos macronistas, a esperança é que Bayrou apazigue a crise política iniciada em junho deste ano, quando o presidente francês resolveu dissolver a Assembleia de Deputados e convocar novas eleições legislativas. "François Bayrou é a pessoa certa, no momento certo e no lugar certo para responder às aspirações da população, que quer sobriedade, tranquilidade, e sobretudo união em prol do país", avalia o ex-primeiro-ministro Gabriel Attal.…
A França lidera um grupo de países europeus que se opõem aos termos do acordo anunciado nesta sexta-feira (6) em Montevidéu, no Uruguai, para o tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Ongs e entidades agrícolas francesas previam que a conclusão das negociações seria anunciada e reagiram com decepção, prometendo novas manifestações. A federação nacional dos sindicatos de jovens agricultores franceses (FNSEA-JA) declarou que a presidente da Comissão Europeia , Ursula von der Leyen , “traiu os agricultores europeus”. Essa entidade considera que foi "uma provocação" a dirigente alemã ter aceitado que os produtores dos dois blocos continuarão a ter regras de produção diferenciadas, no caso mais favoráveis aos agricultores e pecuaristas do Mercosul , por não precisarem respeitar o mesmo padrão de qualidade imposto aos produtores do bloco. Uma representante da Coordenação Rural chegou a chorar ao ser entrevistada no canal BFMTV diante de duas más notícias em poucos dias. Com a queda do governo francês, na quarta-feira, os agricultores locais ficaram privados de uma verba de emergência de € 300 milhões que tinham conquistado nas negociações do orçamento para enfrentar a queda de produção em suas safras, em decorrência de eventos climáticos nos últimos meses. Com a votação do orçamento adiada para o ano que vem, pequenos produtores franceses poderão quebrar. A Copa-Cogeca, uma federação de peso em Bruxelas , prevê que esse "acordo comercial agravará a pressão econômica já suportada por muitos agricultores e pecuaristas que lidam com os preços elevados dos insumos e condições meteorológicas difíceis", afirma um comunicado da entidade. A Ong Greenpeace France denunciou um desastre "social, humano e ambiental". Todos prometem manter os protestos no bloco europeu. O que é "minoria de bloqueio" França e Itália reafirmaram que o processo de ratificação do acordo enfrentará um muro de resistência, apesar de ser apresentado como benéfico para 700 milhões de consumidores nos dois blocos. Os governos de Polônia , Bélgica , Holanda e Áustria já demonstraram não estar satisfeitos com os termos do texto negociado pela presidente da Comissão. A expectativa, agora, é de que Ursula von der Leyen retorne a Bruxelas para apresentar de forma clara de que maneira os agricultores europeus prejudicados pelas exportações sul-americanas, mais competitivas, serão recompensados financeiramente. O processo de avaliação do tratado poderá durar de sete a nove meses, segundo várias fontes. Nesse meio tempo, a pressão dos agricultores irá continuar. Para ser ratificado, o texto concluído em Montevidéu precisa ser aprovado por 15 dos 27 países do bloco europeu. Por outro lado, para barrar o acordo, a França precisa formar uma “minoria qualificada” de pelo menos quatro países, que juntos reúnam 35% da população do bloco. Essa conta ainda está longe de ser alcançada para o governo francês, atualmente enfraquecido. Muitos analistas compreendem a pressa da Comissão Europeia e de Ursula von der Leyen em ter uma carta na manga para enfrentar o retorno de Donald Trump à Casa Branca e o provável aumento das tarifas das exportações europeias para os Estados Unidos. Por isso, Alemanha e Espanha consideraram que "um passo histórico" foi dado. Mas até essa parceria comercial entrar em vigor em cada país europeu, pode demorar vários anos. Após o anúncio do entendimento entre os líderes de Brasil , Argentina , Paraguai e Uruguai e a Comissão Europeia, emissoras de rádio e TV na França questionaram agricultores se eles iriam protestar diante de Ursula von der Leyen, que estará neste sábado (7) em Paris para a reinauguração da catedral de Notre-Dame. Alguns sindicatos agrícolas disseram que terão outras ocasiões para cobrar explicações da dirigente europeia.…

1 França debate inscrição da noção de consentimento na lei que criminaliza estupro 14:07
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A Assembleia de Deputados da França começou a debater nesta semana um projeto de lei que visa inscrever o conceito de consentimento na definição do que é um estupro no Código Penal do país. A discussão ocorre paralelamente ao fim do julgamento de dezenas de homens acusados de estuprar Gisèle Pelicot, de 72 anos, que era sedada pelo marido para que esses crimes fossem cometidos, durante anos. Daniella Franco, da RFI O final do chamado “processo de Mazan” em Avignon, no sul do país , coincide com o debate sobre o projeto de lei que pode introduzir no Código Penal francês a ausência de consentimento na definição de estupro. O texto é de autoria da deputada francesa Sarah Legrain, do partido da esquerda radical França Insubmissa. Atualmente, a legislação francesa estabelece que “todo ato de penetração sexual, de qualquer natureza que seja, cometido por meio de violência, imposição, ameaça ou surpresa” é um estupro. Ou seja, a noção de consentimento não faz parte da lei, o que leva advogados a terem que provar, a cada julgamento de crimes de violências sexuais, que o agressor agiu contra a vontade da vítima. Foi o que ocorreu durante o julgamento dos 50 homens acusados de estuprar Gisèle Pelicot. Antes das agressões sexuais, a francesa era previamente sedada pelo marido, Dominique Pelicot, que levava para a residência do casal homens que conhecia pela internet. Os estupros ocorreram durante cerca de dez anos em Mazan, no sul da França . Alguns advogados de defesa chegaram a evocar a possibilidade de a mulher ter consentido os atos e não estar inconsciente durante as agressões, embora os vídeos registrados pelo marido e exibidos durante o processo mostrem o contrário. Projeto de lei divide opiniões O projeto de lei que prevê inscrever a noção de consentimento na definição de estupro é defendido por boa parte da classe política francesa, inclusive pelo presidente, Emmanuel Macron, e o ministro da Justiça, Didier Migaud. No entanto, muitas personalidades do Direito francês e até organizações feministas contestam a iniciativa. A ONG “ Osez Le Féminisme ” (Ousem o Feminismo) alega que o estupro não é uma relação sexual não-consentida, mas um ato de predação e de violência. Por isso, as militantes dessa organização temem que o projeto de lei possa culpabilizar ainda mais a vítima, colocando a atitude de quem foi violentado no centro do julgamento e deixando em segundo plano o ato do predador sexual. Entrevistado pela France Info , Antoine Camus, um dos advogados da Gisèle Pelicot, também se opõe ao projeto de lei. Segundo ele, muitas vítimas acabam consentindo um ato sexual sem necessariamente estar de acordo com ele, para colocar um fim a uma situação martirizante. Já o advogado Louis-Alain Lemaire, que representa quatro dos 51 homens acusados no processo de Mazan, acredita que a modificação da lei francesa poderia também interferir no funcionamento do Direito Penal. Segundo ele, atualmente cabe à acusação demonstrar que houve o estupro. Com a inserção do consentimento na lei francesa que criminaliza o estupro, o magistrado prevê que os papéis podem se inverter e caberá à defesa demonstrar que houve consentimento. Encerramento do “processo de Mazan” O julgamento dos 51 homens acusados de estuprar Gisèle Pelicot entrou na fase final. O Ministério Público francês apresentou nesta semana as penas para cada um dos agressores. A pena maior é a requerida a Dominique Pelicot . Na França, a sentença máxima para estupro é 15 anos, mas como o caso de Gisèle conta com agravantes, o principal acusado do “processo de Mazan” pode ser condenado a 20 anos de prisão. Os advogados de defesa começaram a apresentar no final desta semana as considerações finais. Terminada essa fase, cabe aos cinco juízes da corte de Avignon entrarem em acordo para o anúncio do veredito, que deve sair até 20 de dezembro. Segundo o último balanço do Ministério do Interior da França, 250 mil pessoas adultas sofreram ao menos uma forma de violência sexual em 2022. Entre as vítimas, 88% são mulheres. Cerca de 95% das pessoas agredidas não registraram denúncia junto às autoridades francesas por dois principais motivos. De acordo com o documento, 24% das vítimas acreditam que a iniciativa não traria resultados concretos e 16% acham que não seriam levadas a sério pela polícia. Em 2022, apenas 1.200 condenações por estupro foram pronunciadas na França.…
As operadoras de telefonia francesas acabam de adotar medidas para diminuir os golpes financeiros aplicados aos clientes por meio de chamadas telefônicas. Na era digital, as tentativas de extorsão praticadas por golpistas se tornaram uma praga globalizada. O golpe do falso gerente ou funcionário de banco que telefona ao cliente para solucionar alguma urgência, mas é um golpista querendo tirar dinheiro da pessoa, é a fraude mais frequente na França. É aquele golpe chamado “spoofing”, termo em inglês que significa falsificação, em que criminosos ligam para a vítima usando um número que parece ser do banco, mas não é. Eles utilizam uma tecnologia para mascarar o número verdadeiro que estão usando, fazendo parecer que a ligação vem da agência. A pessoa é enganada porque os golpistas, mestres na manipulação, citam informações convincentes. Às vezes conhecem dados cadastrais do cliente, que hackearam anteriormente da rede bancária, dizem que a conta sofreu uma tentativa de fraude e pedem à vítima para autenticar operações, que na verdade podem estar validando um empréstimo ou transferindo dinheiro para os criminosos. Esse tipo de golpe, no entanto, pode ficar mais difícil. Desde o início de outubro, todas as operadores francesas de telefonia começaram a usar o chamado Mecanismo de Autenticação de Números (MAN), uma tecnologia desenvolvida para verificar se o telefone exibido durante uma chamada ou mensagem é de fato do remetente que aparece e não de um golpista. Essa autenticação é feita em frações de segundo, com uma consulta automática ao cadastro nacional de números da Arcep, a agência reguladora do setor, que emite um certificado digital confirmando que a chamada provém da linha associada ao número. Na ausência do certificado, a operadora corta automaticamente a ligação, quer dizer, a pessoa nem é incomodada. Esse sistema francês utiliza dois protocolos de segurança de chamadas telefônicas –STIR (Secure Telephony Identity Revisited ) e SHAKEN (Signature-based Handling of Asserted information using toKENs) – que já são adotados nos Estados Unidos e no Canadá. Lei demorou quatro anos para ser aplicada Na França, o desenvolvimento de um sistema de proteção dos clientes foi estabelecido por uma lei que entrou em vigor em 2020. Mas só agora, depois de um trabalho conjunto do banco central do país e de investimentos feitos pelas operadoras e pela agência reguladora na criação de um cadastro nacional de números de telefone constantemente atualizado é que a autenticação automática começou a funcionar. Em uma primeira etapa, essa verificação só está acontecendo entre telefones fixos. O Banco da França diz que “em quase todos os casos de falsificação bancária que são comunicados, o golpe envolve um número de telefone fixo". As operadoras estão trabalhando para estender o sistema aos celulares. Golpes movimentam bilhões Segundo o último relatório anual do Observatório de Segurança dos Meios de Pagamento, as fraudes de manipulação, com pressão emocional e muita lábia – e uma delas é a que envolve um falso funcionário de banco –, movimentaram € 379 milhões, quase R$ 2,3 bilhões, em 2023. Quando são incluídos outros golpes de pagamento, como clonagem de cartões de crédito ou envio de mensagens SMS pedindo o número do cartão da vítima, o prejuízo chega a € 1,2 bilhão (R$ 7,27 bilhões) em 2023. São números relativamente estáveis, segundo o banco central francês. Pessoas que transmitem suas senhas para terceiros ou caem nesses pedidos de validação de alguma operação a partir do telefonema de alguém que se apresenta como funcionário do banco, e depois veem o dinheiro desaparecer da conta, precisam entrar com uma ação na Justiça para serem reembolsadas. Os bancos consideram que esses clientes foram negligentes, uma vez que as instituições financeiras fazem amplas campanhas de esclarecimento sobre golpes, em emissoras de rádio e TV, alertando que nenhum funcionário ou gerente, de qualquer rede bancária, tem autorização para telefonar ao cliente e pedir a senha da pessoa ou qualquer tipo de autenticação por telefone ou SMS, nem num caso de urgência. Pagamentos e autenticações devem ser feitos diretamente no site do banco, no espaço pessoal do cliente ou no aplicativo do celular, que confere a identidade da pessoa. Nunca com a intervenção de um terceiro. Essa postura dos bancos pode, entretanto, mudar no futuro. Um tribunal de segunda instância acabou de condenar, em Paris, um dos maiores bancos franceses, o BNP Paribas, a reembolsar um cliente que teve a conta esvaziada por criminosos. Esse homem, hoje com 66 anos, teve a conta bancária roubada em 2019 em € 54.500, cerca de R$ 330 mil reais. O empresário contou que estava com a mulher no carro, na véspera de um feriado prolongado, quando viu entrar no painel a chamada do banco onde ele tinha conta. A pessoa do outro lado da linha disse que tinha detectado um problema na lista de destinatários autorizados a receber os pagamentos automáticos que o cliente havia programado. O banco já tinha solucionado o problema, mas o cliente precisava autorizar novamente a inserção de cada correntista que aparecia na tela do aplicativo. O empresário caiu no golpe. Ele via o nome das pessoas que conhecia desfilar na tela do celular e autorizava a operação. Porém, a conta bancária associada àqueles nomes tinha mudado e era a dos criminosos. O francês entrou com uma ação na Justiça. O banco ganhou em primeira instância, alegando que a negligência foi do cliente. O empresário contestou a decisão, e o juiz de segunda instância deu ganho de causa para ele, obrigando o BNP Paribas a reembolsar os R$ 330 mil reais roubados da conta. O processo demorou cinco anos. Advogados acreditam que esse caso cria uma jurisprudência que irá facilitar outras ações de pessoas que forem lesadas por golpes financeiros.…
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1 Mulheres hétero francesas buscam cada vez mais parceiras sexuais do mesmo gênero 11:24
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Disukai11:24
A sexualidade da população francesa está em uma surpreendente evolução. Com práticas menos ditadas pela heterossexualidade, a quantidade de relações sexuais tradicionais diminui, enquanto aumenta o interesse das mulheres da França por parceiras do mesmo gênero. É o que mostra um vasto estudo do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm), divulgado nesta semana. Daniella Franco, da redação da RFI A vida sexual dos franceses e francesas está menos intensa? Os pesquisadores duvidam dessa hipótese, mesmo que o novo estudo do Inserm sobre a sexualidade na França aponte que a quantidade de relações sexuais vem diminuindo no país . O balanço – o quarto do gênero em 50 anos – ouviu mais de 31 mil pessoas com idades entre 18 e 89 anos e aponta que as experiências estão se diversificando, principalmente entre as faixas etárias mais jovens, onde cresce a rejeição da heteronormatividade. A principal conclusão do estudo é que as práticas sexuais na França estão se transformando, principalmente entre as mulheres. As francesas estão experimentando outras formas de relações sexuais que não se limitam à penetração. É entre elas que também cresce a masturbação, praticada por mais de 42% das cidadãs em 1992, e que deu salto de mais de 30 pontos (72%), em 2023, ano em que o estudo do Inserm foi realizado. Entre as francesas, aliás, 13% dizem terem sentido atração por pessoas do mesmo gênero, ainda que apenas 1,3% se declarem lésbicas. No quadro geral, quase 9% de mulheres e homens na França já tiveram ao menos um parceiro sexual do mesmo gênero. Mas, pela primeira vez em 50 anos, na faixa etária dos 18-29 anos, a quantidade relações sexuais entre mulheres (15%) é maior do que entre homens (10%). Já quantidade de gays compilada pelo estudo é de apenas 2,3%. No entanto, 8% dos homens ouvidos para a pesquisa afirmam que já tiveram interesse em pessoas do mesmo sexo ao longo da vida. Transformações sociais De acordo com os pesquisadores do Inserm, vários indicadores justificam essas mudanças na sexualidade da população francesa. Primeiramente, a aceitação e a tolerância à homossexualidade e à transidentidade é maior do que nas últimas décadas. Quase 70% das francesas e mais de 56% dos franceses veem a homossexualidade como uma orientação sexual comum. O número é um pouco menor para a aceitação da transidentidade, tolerada por quase 42% das mulheres e por mais de 31% dos homens. No entanto, em relação especificamente às mulheres, os pesquisadores têm outras explicações para o interesse crescente das francesas heterossexuais por experiências com pessoas do mesmo sexo. O principal motivo é o movimento Mee Too, que suscitou uma imensa mobilização social contra as violências e agressões sexuais e também sensibilizou e educou as mulheres sobre consentimento. A pesquisa do Inserm também mostra que quase 30% das francesas de 18 a 89 anos entrevistadas declararam já terem sido forçadas a ter uma relação sexual, contra quase 16% em 2006. Esse aumento também é observado entre os homens, embora seja menor: 8,7% dos franceses ouvidos para o estudo disseram já terem sido forçados a ter uma relação sexual, contra 4,6% no balanço anterior, realizado em 2006. Pandemia afetou sexualidade na França A pandemia de Covid-19 não mexeu apenas com a saúde dos franceses, mas afetou também as relações sociais e a vida sexual dos indivíduos . Os sucessivos lockdowns tiveram um impacto na iniciação dos jovens ao sexo, elevando a média da idade da primeira relação sexual das mulheres para 18,2 anos e 17,7 anos para os homens (contra 17 anos na média de 2006). Em todas as faixas etárias, a quantidade de relações sexuais também diminuiu na França. Em 1992, mais de 86% das mulheres e 92% dos homens afirmavam ter tido relações sexuais ao longo do ano, mas em 2023 esse número caiu em média dez pontos tanto para as mulheres quanto para os homens. O fenômeno também é justificado pela “digitalização” das práticas sexuais, principalmente entre os mais jovens. Segundo o Inserm, 33% das francesas e quase 47% dos franceses tiveram uma experiência sexual online com outra pessoa em 2023. A faixa etária dos 18 aos 29 anos, por exemplo, é a que mais “normaliza” o envio de “nudes” - como são chamadas fotos das partes íntimas mandadas por aplicativos de mensagens. Quase 40% dos franceses e francesas entrevistados para o estudo já compartilharam esse tipo de conteúdo. A digitalização da vida sexual é muito comum entre os jovens. Entre as pessoas de menos de 30 anos aqui na França, mais de 39% das mulheres e mais de 43% dos homens já encontraram parceiros sexuais na internet, seja por meio de sites ou de aplicativos. Satisfação sexual aumenta Todas essas mudanças não parecem afetar a satisfação sexual da população francesa. Em relação ao balanço de 2006, aumentou a quantidade de mulheres francesas que afirmam estar “muito felizes” com sua vida sexual, 45,3% (contra 43,6% há oito anos). Entre os homens, no mesmo período, a satisfação sexual saltou de 35% para 39%. “Todo o discurso que consiste em dizer que a igualdade entre os sexos e o feminismo desestabiliza os homens em sua sexualidade e sua virilidade não é comprovada nesse estudo”, afirmou a socióloga Nathalie Bajos, diretora de pesquisa do Inserm, na apresentação do trabalho. Esse foi o quarto balanço do gênero realizado na França desde os anos 1970. Mais de 31 mil pessoas, com idades entre 18 e 89 anos, foram entrevistadas por telefone para a pesquisa no ano passado, em um trabalho que durou o total de cinco anos, com parceria da Agência Nacional de Pesquisa Científica (ANRS).…
Os franceses reagiram à vitória de Donald Trump na eleição presidencial com pessimismo e um forte receio do enfraquecimento da democracia nos Estados Unidos, por causa da concentração de poder que o republicano terá, apoiado pela maioria conservadora na Suprema Corte, no Senado e talvez – ainda não acabou a apuração – na Câmara de Representantes. Embora defenda políticas semelhantes às de Trump, a líder de extrema direita na França, Marine Le Pen, preferiu não festejar a vitória de Trump. Uma pesquisa realizada na França já apontou que 76% dos franceses estão frustrados com o retorno de Donald Trump à Casa Branca. A desconfiança é maior entre eleitores de esquerda e jovens. Mas até a líder de extrema direita Marine Le Pen manifestou uma reação sóbria, na contracorrente de outros movimentos ultranacionalistas europeus, da Alemanha, Áustria, Hungria, Espanha, que estão eufóricos com o impulso que o governo Trump dará às políticas anti-imigração, de segurança pública e nacionalismo econômico, em oposição a questões de justiça social, racial, respeito a minorias e direitos da mulher. O estilo imprevisível e radical de Trump não se alinha com a imagem mais moderada que Marine Le Pen busca projetar atualmente. Le Pen sabe que se quiser ser eleita na presidência francesa, seu partido precisa ampliar a base do eleitorado e ela ser vista como uma líder conservadora estável, capaz de jogar o jogo democrático, apesar de não enganar ninguém. Trump e Le Pen têm posições semelhantes sobre imigração e protecionismo econômico. Mas em temas como o aborto, por exemplo, Marine Le Pen apoiou a inclusão do aborto na Constituição francesa. A imagem de Trump na França é muito negativa e Le Pen quer evitar ser associada aos excessos do republicano. Ela tem uma estratégia de buscar alianças mais estratégicas e evitar a polarização no cenário político nacional. O partido de extrema direita francês (Reunião Nacional) elegeu um quarto dos deputados na Assembleia Nacional nas últimas eleições e eles têm procurado atuar como políticos "respeitáveis", o que os diferencia de outros movimentos de extrema direita na Europa. Trump chega à presidência num momento em que as duas maiores economias da União Europeia, França e Alemanha, atravessam uma crise política e econômica de contextos diferentes. UE anuncia plano para enfrentar concorrência de EUA e China Os 27 líderes da União Europeia anunciaram na tarde desta sexta-feira (8), ao final de uma reunião de cúpula do bloco em Budapeste (Hungria), um plano de reformas inspirado em propostas do ex-primeiro ministro italiano Mario Draghi para dar impulso à economia europeia, diante das ameaças de guerra comercial de Donald Trump. O bloco sabe que é a região do mundo que mais tem a perder com as medidas protecionistas do republicano. Durante a campanha, Trump anunciou que os produtos importados europeus terão de pagar tarifas extras de 10% a 20% para entrar nos Estados Unidos. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von Der Leyen , disse que irá propor “nos primeiros 100 dias” de seu novo mandato, que começa em dezembro, um pacto industrial verde para apoiar a descarbonização da indústria, medidas para reduzir o atraso europeu na área de inovação e diminuir os entraves burocráticos à atividade empresarial na Europa. O chanceler alemão Olaf Schoz enfatizou que o bloco "precisa se modernizar para se manter competitivo". Já o presidente francês Emmanuel Macron deixou a reunião antes da fotografia final de família dos 27, sem falar com a imprensa. Macron e Scholz divergem sobre a forma de financiar esses investimentos, a distribuição dos montantes por país e setor industrial, e o ritmo de mobilização dos recursos. No início de setembro, o ex-premiê Mario Draghi, que também dirigiu o Banco Central Europeu, propôs investimentos de € 750 a € 800 bilhões por ano (algo em torno de R$ 4,67 a R$ 4,93 trilhões), montante superior ao do Plano Marshall americano, que apoiou a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, para enfrentar a concorrência dos EUA e da China. Draghi traçou um quadro sombrio e insistiu que o bloco precisava reagir, se não quisesse enfrentar um declínio econômico que condenava os europeus à agonia. No relatório, ele apontou que a renda per capita “aumentou quase o dobro nos Estados Unidos do que na Europa desde 2000”. Esses investimentos elevados representam um imenso desafio para os 27 países europeus, num contexto em que adotam medidas para reduzir suas dívidas e elevados déficits públicos. Na declaração final do encontro, os líderes da UE reconhecem “a urgência de uma ação decisiva” para o aprofundamento do mercado comum, se comprometem com a união dos mercados de capitais, a implementação de uma política comercial que defenda os interesses europeus e a simplificação regulatória. Mas permanecem vagos em relação ao orçamento. Com o retorno de Trump, institutos alemães calcularam o custo das medidas protecionistas para a Alemanha. O país poderia perder até € 180 bilhões até 2028, cerca de R$ 1,1 trilhão com as sobretaxas americanas nas exportações. O PIB alemão encolheria 1,5% em relação ao seu montante atual, sendo que o país, a primeira economia europeia, enfrenta o segundo ano de recessão. Scholz admite antecipar as eleições Na quarta-feira (6), enquanto o mundo ainda digeria a vitória de Trump, a coalizão de governo alemã, formada por social-democratas, verdes e liberais, implodiu, devido a divergências de visão sobre a melhor forma de enfrentar a crise econômica. Os social-democratas defendem a recuperação da economia por meio de gastos, enquanto os liberais pregam cortes e uma disciplina orçamentária rigorosa. Em Budapeste, o chanceler Olaf Scholz disse aos colegas europeus que poderá antecipar as eleições legislativas. Ele queria ganhar tempo até março, mas uma pesquisa publicada ontem mostra que 65% dos alemães querem eleições o mais rapidamente possível, em janeiro. Os conservadores da CDU, chefiados por Friedrich Merz, lideram as pesquisas para voltar ao governo e também pressionam por um retorno às urnas acelerado. As pesquisas apontam, no entanto, que eles não teriam maioria, com a extrema direita em segundo lugar nas intenções de voto. A tendência é a Alemanha voltar a ter uma grande coalizão entre conservadores, social-democratas e talvez ainda precisar dos verdes ou dos liberais, mas esses últimos não têm garantia de serem eleitos no futuro Parlamento. O líder da CDU já descartou governar com o partido de extrema direita AfD. Essa reviravolta no cenário político na Alemanha acontece num momento em que a França continua sujeita a uma uma nova dissolução do Parlamento no ano que vem. A turbulência na União Europeia tende a durar um bom tempo.…
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1 Franceses revelam perda de confiança na democracia 10:02
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Uma pesquisa recém-publicada em Paris mostra uma desconfiança crescente dos franceses em relação ao sistema democrático da maneira como ele tem funcionado na França. O barômetro anual do Conselho Econômico, Social e Ambiental (Cese) sobre as preocupações da população revelou um distanciamento muito grande entre o debate político no país e os reais interesses dos franceses. O Conselho Econômico, Social e Ambiental é visto como uma terceira assembleia da República francesa, uma engrenagem essencial da democracia no país. O organismo elabora orientações de políticas públicas e avalia seus resultados para o governo e o Parlamento. Em seu barômetro de 2024, o Cese mostra que quase um quarto dos franceses (23%) não estão mais convencidos de que a democracia seja o melhor sistema político. A metade da população (51%) acredita que só um poder forte e centralizado – um eufemismo para o exercício autoritário do poder – pode garantir a ordem e a segurança. Duzentos e trinta e cinco anos depois da Revolução Francesa (1789), que instituiu a democracia, 15% dos franceses disseram que não iriam à rua para defender esse sistema político se suas liberdades estivessem ameaçadas. Essa quebra de confiança na democracia se manifesta principalmente entre as pessoas que se sentem mais injustiçadas socialmente. O estudo do Cese, aplicado pelo instituto Ipsos, aponta um fosso entre as preocupações manifestadas pela população e a ação política. Em 2024, os franceses estão preocupados, pela ordem, com a própria saúde e de familiares – tema citado por 40% dos entrevistados –, o poder aquisitivo (34%), que aparecia em primeiro lugar no ano passado, e a situação econômica e financeira do país (28%). Imigração é preocupação menor O paradoxo é que há anos, o debate político foi reduzido às questões de segurança pública e imigração, que aparecem em sétimo e décimo lugar entre as preocupações dos franceses. O eleitor é bombardeado com uma retórica conservadora, anti-imigração , quando o que causa angústia é a falta de médicos e enfermeiros nos hospitais, os salários achatados e o aumento das desigualdades. A maioria dos franceses não atribui esses problemas à imigração. Segundo a pesquisa, embora a maioria tenha apreço pela democracia, a alienação dos políticos em relação às expectativas das pessoas enfraquece a confiança, principalmente entre aqueles que se sentem lesados. A França é um país que tem políticas públicas generosas na área social, mas o sistema é ineficiente e não dá mais conta de atenuar as desigualdades. O país gasta proporcionalmente mais que vizinhos como Espanha e Alemanha em programas sociais, saúde e educação e se tornou incapaz de amortecer as desigualdades. Quase a metade dos franceses, 45% da população, considera viver atualmente em uma situação financeira "incômoda". Custo de vida alto mina confiança dos franceses no futuro O custo de vida insuportavelmente alto é mais angustiante nos territórios franceses fora da Europa e nas zonas rurais no continente, mas até na região parisiense, que é o pulmão econômico do país, 55% das pessoas dizem ganhar o suficiente apenas para pagar as contas no fim do mês. Esse aprofundamento das desigualdades é um veneno para a estabilidade de uma democracia. Existe um tremendo déficit de moradia e os políticos, governo após governo, fogem de uma reforma profunda nesse setor. Quando o aluguel consome o salário, o cidadão mora mal e vê profissões essenciais perderem a atratividade por serem mal remuneradas, como na educação, saúde e agricultura. Os prejudicados têm a impressão de que o sistema em vigor não consegue mais proteger a população. É nesse caldo de dificuldades do cotidiano e no descaso dos políticos em relação à realidade que muitos franceses se perguntam se votar ainda tem alguma utilidade. Sugestões para revitalizar democracia francesa A primeira sugestão dos entrevistados para "modernizar" a democracia francesa foi que os políticos ouçam e levem em consideração as preocupações das pessoas (24% das respostas). Mais do que modificar as regras eleitorais (11%) – tema que está em discussão para a próxima eleição presidencial –, os franceses preferem melhorias na governança e no funcionamento das instituições (16%) e um uso mais frequente de ferramentas de democracia participativa. Na Europa, a Suíça é vista como um modelo de democracia direta por seu sistema de referendos. A Áustria também usa esse instrumento, de tempos em tempos, para questões sociais e políticas, e a Itália para questões constitucionais. Essa é uma demanda antiga dos franceses. O "Grande Debate Nacional " convocado pelo presidente Emmanuel Macron para encerrar a crise dos coletes amarelos , em 2019, é um exemplo de proximidade a ser buscada pelos políticos. Na época, o governo recolheu 2 milhões de propostas. As discussões geraram a Convenção Cidadã para o Clima , mas 90% das propostas foram rejeitadas pelo presidente. É essa relação que está em pane. Em relação a alguns assuntos, bastaria o Parlamento ouvir a vontade da maioria da população e evitar o debate ideológico que o sentimento de estar numa democracia seria devolvido aos franceses. O caso da eutanásia e do suicídio assistido é um deles. Eutanásia Desde 2016, quando a França aprovou a primeira lei sobre o fim da vida , a maioria de franceses já ansiava pela liberdade de decidir sobre a morte diante de doenças irreversíveis, terminais ou de intenso sofrimento para os pacientes. O projeto de lei só chegou ao Parlamento em 2024, mas depois, com a dissolução da Assembleia, em junho , a votação ainda não foi retomada pelo novo plenário e a composição, agora, é mais conservadora, de direita, o que pode implicar emendas ao projeto original. Há anos existe um consenso na sociedade sobre essa liberdade de escolha: 84% dos franceses são favoráveis à eutanásia e 67% ao suicídio assistido. É um caso típico de projeto que já poderia ter sido aprovado, se o Parlamento estivesse a serviço do interesse da população.…
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1 Mortes de brasileira e ciclista francês mostram que parisienses estão mais agressivos ao volante 13:15
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As mortes trágicas de Fernanda Lind, influenciadora digital brasileira de 31 anos, e do ciclista francês Paul Varry, 27 anos, ambos atropelados nesta semana, na região parisiense, por motoristas que desrespeitaram as regras do trânsito provocam um amplo debate no país. Estudos têm demonstrado que os franceses estão mais agressivos ao volante. A percepção de que a agressividade no trânsito em Paris piorou é compartilhada por franceses e estrangeiros que residem há algum tempo no país. A influencer brasileira Fernanda Carolina Lind Silva foi atropelada quando atravessava uma faixa de pedestres, às 9h de quarta-feira (16), em uma área nobre dos subúrbios da capital. Com o forte impacto do carro, ela sofreu um grave traumatismo craniano e teve morte cerebral declarada algumas horas depois de ser socorrida. O outro acidente foi de uma violência raramente vista na capital francesa. Na véspera da morte da brasileira, um motorista de 52 anos, dirigindo um SUV Mercedes-Benz, com a filha de 16 anos no carro, invadiu uma ciclofaixa nas proximidades da igreja Madeleine, em Paris, para "escapar do trânsito", segundo declarou à polícia, pois “estava atrasado para levar a filha ao médico”. Ao invadir a faixa reservada às bicicletas, o motorista apressado passou com o carro em cima do pé de um ciclista militante. Os dois tiveram um bate-boca e na hora de ir embora, o motorista atropelou intencionalmente o rapaz de 27 anos, que morreu de parada cardíaca no local . Na tarde desta sexta-feira (18), este motorista foi indiciado por homicídio doloso, ou seja, assassinato, e deverá permanecer em prisão preventiva até seu julgamento. A disputa por prioridade no trânsito piorou com a instalação de ciclovias em Paris. Por falta de espaço, as ciclofaixas predominam e muitas são de mão dupla, às vezes nas duas margens de uma via pública, obrigando motoristas e ciclistas a uma coexistência que se tornou uma guerra permanente. Existem placas de sinalização, mas das duas partes existem abusos: ciclistas que não respeitam as regras, invadem faixas de circulação de carros – por se sentirem "mais éticos" e preocupados em não agravar a crise climática – e motoristas que descontam nos pedestres e ciclistas o aumento do trânsito pela redução das faixas de circulação. Desafio para municipalidades É um desafio para as cidades enfrentar essa fase de adaptação. Como na região parisiense o trânsito é bastante denso, os motoristas estão cada vez mais irritados. Com a repercussão das mortes da brasileira e do ciclista, o psicólogo e pesquisador Jean-Pascal Assailly, membro do comitê de especialistas do Conselho Nacional de Segurança Viária, confirmou que existe uma correlação entre densidade de tráfego e agressividade do motorista. Em países como Holanda, Dinamarca, Alemanha ou Suécia, com mais experiência na integração de ciclovias, a fluidez é maior e há menos acidentes letais. Nesses países, a questão do respeito às leis também é mais consensual na sociedade. Estudos de dez anos atrás já mostravam que franceses e italianos eram mais agressivos no trânsito do que motoristas suecos, alemães, ingleses e espanhóis. O especialista francês do Conselho Nacional de Segurança Viária diz que o comportamento do motorista piorou na França com as comodidades dos carros novos. Segundo ele, o carro se tornou um objeto tão confortável, "com telas para ver filmes, ouvir música, que o motorista se isola do exterior e perde a noção da velocidade". Alguns motoristas simplesmente "esquecem" a existência do outro na rua. Na França, os homens estão na origem de 75% dos acidentes. Dos 25% de acidentes causados por mulheres, nenhum envolve agressão, do tipo bater o carro intencionalmente em alguém para ferir ou matar, como aconteceu com o ciclista em Paris. Morte de brasileira tem forte repercussão O jornal Le Parisien , que tem edições locais para diferentes subúrbios de Paris, presta uma homenagem à brasileira, nesta sexta-feira, na capa do suplemento vendido na área onde ela morreu. O jornal entrevista o marido dela, Pedro Angelo Abatayguara Rosal, que conta a vida do casal desde que se mudaram para a França em 2018, para fazer mestrado. A manchete diz que ‘Fernanda teve a vida arruinada’ (La vie fauchée de Fernanda) no momento mais feliz da trajetória do casal. Os dois, muito bem empregados, tinham acabado de comprar um apartamento em Saint-Cloud, ao lado de um hipódromo que tem pista de corrida e ciclovia demarcadas. Fernanda foi atropelada numa faixa de pedestres de um cruzamento sem farol, por imprudência do motorista, que também é investigado por homicídio. Mas o que mais surpreendeu a imprensa francesa foi a generosidade da família em relação à doação de órgãos . Neste mês de outubro, há 21.866 pacientes inscritos na lista de espera de transplantes em todo o país e desse total, 11.422 são pessoas prontas para receber um órgão assim que o doador compatível aparecer. Doação de órgãos marca pela generosidade Tanto o marido quanto a irmã de Fernanda, Aline, disseram que os órgãos doados pela influencer – coração, fígado, pâncreas, córnea e rins – foram transplantados, dando a várias pessoas a chance de continuar vivendo. Para um transplante de rim, o de maior demanda, há mais de 3.300 pessoas na fila, sendo que é o que parentes podem doar com mais facilidade, por compatibilidade genética. Para um coração, a espera média é de quatro meses. Os médicos apontam um paradoxo: cerca de 80% dos franceses afirmam ser a favor da doação de órgãos, mas menos da metade comunicam essa decisão à família. Embora todas as pessoas sejam doadoras potenciais, a menos que tenham deixado registrado a recusa em doar no cadastro nacional de doações, os médicos sempre confirmam a vontade com os familiares. No caso da brasileira, o marido e a família dela confirmaram esse desejo. Em 2023, havia 36% de franceses que registraram oficialmente a recusa em doar. Os principais motivos de resistência alegados são a desconfiança nos médicos, o receio de que os órgãos sejam usados para pesquisa, e não para salvar a vida de alguém, e crenças religiosas. O Ministério da Saúde reconhece que ainda é preciso trabalhar o assunto em campanhas de sensibilização. Por essas razões, a morte de Fernanda Lind marca os franceses e brasileiros que a seguiam no perfil @parislowcost no Instagram, onde dava dicas de turismo na capital francesa: um exemplo de generosidade e amor pelo país de adoção.…
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