Player FM - Internet Radio Done Right
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TechSurge: Deep Tech VC Podcast
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1 Understanding the Elegant Math Behind Modern Machine Learning 1:14:43
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Artificial intelligence is evolving at an unprecedented pace—what does that mean for the future of technology, venture capital, business, and even our understanding of ourselves? Award-winning journalist and writer Anil Ananthaswamy joins us for our latest episode to discuss his latest book Why Machines Learn: The Elegant Math Behind Modern AI . Anil helps us explore the journey and many breakthroughs that have propelled machine learning from simple perceptrons to the sophisticated algorithms shaping today’s AI revolution, powering GPT and other models. The discussion aims to demystify some of the underlying math that powers modern machine learning to help everyone grasp this technology impacting our lives, even if your last math class was in high school. Anil walks us through the power of scaling laws, the shift from training to inference optimization, and the debate among AI’s pioneers about the road to AGI—should we be concerned, or are we still missing key pieces of the puzzle? The conversation also delves into AI’s philosophical implications—could understanding how machines learn help us better understand ourselves? And what challenges remain before AI systems can truly operate with agency? If you enjoy this episode, please subscribe and leave us a review on your favorite podcast platform. Sign up for our newsletter at techsurgepodcast.com for exclusive insights and updates on upcoming TechSurge Live Summits. Links: Read Why Machines Learn, Anil’s latest book on the math behind AI https://www.amazon.com/Why-Machines-Learn-Elegant-Behind/dp/0593185749 Learn more about Anil Ananthaswamy’s work and writing https://anilananthaswamy.com/ Watch Anil Ananthaswamy’s TED Talk on AI and intelligence https://www.ted.com/speakers/anil_ananthaswamy Discover the MIT Knight Science Journalism Fellowship that shaped Anil’s AI research https://ksj.mit.edu/ Understand the Perceptron, the foundation of neural networks https://en.wikipedia.org/wiki/Perceptron Read about the Perceptron Convergence Theorem and its significance https://www.nature.com/articles/323533a0…
Histórias para ouvir lavando louça
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Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar enquanto da uma geral na sua cozinha. Um podcast do ter.a.pia!
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כל הפרקים
×Monique Reis fez história ao se tornar uma das primeiras travestis a presidir uma escola de samba, em São Paulo. À frente da @imperatriz_domorro, em Taubaté, ela transformou a quadra da escola em um espaço de acolhimento e resistência, onde cultura e inclusão caminham juntas. Sua trajetória começou dentro de casa, onde sempre teve apoio dos pais para ser quem era. A transição veio acompanhada de um pacto com a mãe: poderia ser quem quisesse, desde que estudasse. E assim foi. Primeira travesti a se formar na Universidade de Taubaté, Monique escolheu o jornalismo como caminho. Mas, na prática, os títulos acadêmicos não garantiram espaço. Passou em provas, foi bem em entrevistas, mas sempre esbarrava na transfobia. Era como se o mundo dissesse que uma travesti não podia ocupar aquele lugar. Sem alternativas, encontrou na prostituição uma forma de sobreviver, como tantas outras. Mas ela não aceitaria que essa fosse a única realidade possível. Se o mundo não abrisse espaço, ela o criaria. Foi assim que surgiu a Imperatriz do Morro. Uma escola de samba onde as funções eram ocupadas por quem sempre foi deixado à margem. A tesoureira era uma travesti. O secretário, um homem gay. A madrinha de bateria, uma drag careca. Mas a Imperatriz do Morro é muito mais que uma escola de samba. É um refúgio. É onde crianças aprendem capoeira, onde senhoras jogam bingo para escapar da solidão, onde jovens encontram um ofício. No barracão, Monique ensina a fazer adereços, a costurar, a criar. A capacitação vem com um propósito claro: garantir emprego. Para muitos, era a única oportunidade de uma vida digna. De segunda a segunda, o ano todo, as portas estão abertas, porque a vulnerabilidade não tem horário comercial. Para Monique, as escolas de samba sempre foram mais do que desfiles. São espaços de resistência, de preservação cultural, de afirmação da identidade negra e periférica. É o povo saindo do morro para mostrar que sabe tocar, cantar e dançar tão bem quanto qualquer um. É a quebra da exclusão, o resgate de uma história que tentaram apagar. E por isso, quando perguntavam se a Imperatriz falaria de orixás, de Exu, de Maria Padilha, a resposta era simples: sempre. Falar sobre o que veio antes dela era uma necessidade, um dever. Defensora das religiões de matriz africana, Monique usa os enredos da escola para resgatar a ancestralidade negra e periférica, desafiando preconceitos e reafirmando a importância do carnaval como manifestação cultural. Foi assim que chegou à Marquês de Sapucaí, no Carnaval de 2025, sendo uma das homenageadas pela Paraíso do Tuiuti, em um enredo sobre Chica Monicongo, a primeira travesti do Brasil. Uma mulher que morreu queimada pela Inquisição por se recusar a negar quem era. Monique sempre soube que sua trajetória não seria fácil. Mas se fosse para ser lembrada por algo, que fosse pela coragem. Não por ser boazinha, nem por ser aceita, mas por transformar vidas. Porque, no fim, o que ela construiu não foi apenas uma escola de samba. Foi um quilombo moderno, onde cada um que cruza os portões encontra um lugar para existir.…
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Histórias para ouvir lavando louça
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O que você faria se soubesse que o tempo de vida do amor da sua vida está acabando? O Clark viveu essa realidade ao lado de Fabalo, com quem dividiu 4 anos de pura conexão e felicidade antes de serem surpreendidos por um diagnóstico terminal. Os dois se conheceram em um aplicativo, mas logo perceberam que foram feitos um para o outro. Entre os momentos inesquecíveis, a primeira viagem juntos a Porto Seguro marcou o início de uma história intensa. Foi lá que Fabalo pediu Clark em noivado, ao som de "Quando bate aquela saudade", de @rubelrubelrubel. Mas os planos foram atravessados quando Fabalo começou a sentir dores intensas e foi internado com suspeita de hérnia. O que seria uma cirurgia simples, deu lugar uma notícia difícil. Não era hérnia, mas um câncer em estágio terminal. A partir desse momento, a vida do casal se transformou em uma corrida contra o tempo. Clark largou o trabalho para estar 100% ao lado de Fabalo, e juntos decidiram aproveitar cada segundo que tinham. Entre internações e tratamentos paliativos no @hospitaldeamor, eles encontraram espaços para sorrir, amar e viver. Em meio a essa luta silenciosa, a equipe médica sugeriu a ideia dos dois casarem. O amor deles merecia ser celebrado mesmo que o "para sempre" tivesse um prazo terreno. O hospital se transformou em salão de festas: pacientes, enfermeiros e médicos se tornaram testemunhas de uma união que transcendia a dor. Cercados de amor, os dois disseram “sim”. Duas semanas depois do dia mais feliz da vida deles, Fabalo partiu nos braços do Clark, aos 24 anos. A dor da perda foi imensa, mas também veio acompanhada de gratidão por ter vivido um amor tão profundo. Para encontrar um novo significado pra vida, Clark decidiu cursar enfermagem. Cada aula, cada experiência no hospital, é uma maneira de honrar a memória de Fabalo e transformar a dor em cuidado com o outro. Nesse processo de altos e baixos, Clark aprendeu que a morte, mesmo dolorosa, também pode ser uma forma de cura. Revivendo essa história, ele percebe que teve o privilégio de viver um amor que muitos sonham, mas poucos têm a sorte de encontrar.…
Carol cresceu ouvindo o pai dizer que se tivesse um filho gay, expulsaria de casa. O medo das ameaças, muitas delas feitas com uma arma na mão, a fez esconder sua identidade de gênero e performar uma masculinidade que não a representava. Dez anos atrás, Carol conheceu Jéssica pelo Twitter. Jéssica tomou a iniciativa, convidando-a para sair. A conexão foi imediata e, com o tempo, Carol percebeu que Jéssica enxergava algo que ela mesma tentava reprimir. Uma frase mudou tudo: "Pessoas cis nunca pensam que são trans. Mas pessoas trans eventualmente pensam que são trans". Quando Jéssica perguntou se ela já havia pensado nisso, Carol respondeu sem hesitar: "Sim, penso todo dia." Duas semanas depois, Carol decidiu que nunca mais sairia de casa sem ser quem realmente era. Em junho de 2021, no Dia dos Namorados, Carolina nasceu. A transição trouxe desafios, incluindo o medo da rejeição e a dúvida sobre conseguir um emprego, mas o apoio de Jéssica foi essencial. Dois meses depois, Carol estava empregada e, finalmente, se sentia viva. O casamento para as duas era um sonho distante até que a @casa1 promoveu um casamento coletivo. Em dezembro de 2023, ao lado de outros casais LGBTQIA+, Carol e Jéssica oficializaram sua união. O evento reafirmou que afeto é um direito, algo que elas vivem todos os dias. Ser um casal lésbico já chama atenção, mas um casal em que uma das pessoas é trans atrai ainda mais olhares. Muitos assumem que são irmãs ou amigas, negando o amor que existe ali. Mas Carol faz questão de afirmar sempre que a Jéssica é sua esposa, sim. Para ela, isso precisa ser dito em voz alta. No fim, o amor que Carol e Jéssica compartilham ultrapassa qualquer olhar alheio. Elas sabem que a luta ainda é diária, mas vivem cada momento com a certeza de que escolheram construir um futuro onde possam ser livres. Porque mais do que resistir, elas existem, e existir com amor é um ato revolucionário. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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A Mariana e a Débora são amigas desde a infância, mas se tornaram mais próximas na faculdade. Após anos tentando engravidar, Débora descobriu um câncer de colo do útero que impossibilitava uma gestação. Mari, sabendo do sonho da Débora em se tornar mãe, não pensou duas vezes: ela se tornaria barriga solidária para realizar o sonho da amiga. Antes de se oferecer para gerar o bebê da amiga, Mariana acompanhou todas as fases da vida da Débora. Namoro, casamento, e depois, o luto silencioso pela maternidade que parecia ser um sonho impossível. Quando a Débora tentou fertilização in vitro com a irmã durante três tentativas, sem sucesso, Mariana e seu marido, decidiram oferecer ajuda. Eles iriam gestar o bebê da Débora. Por não serem parentes, elas precisaram de aprovação do Conselho Regional de Medicina e passaram por um processo burocrático necessário. Quando receberam a autorização, a transferência do embrião foi quase mágica. Mariana sentiu que daria certo, e 15 dias depois, o teste confirmou: Débora e o marido estavam grávidos! Desde o início, Mariana fez questão de reforçar que o bebê era de Débora. Nos exames, nas consultas, ela apenas acompanhava. Em 16 de outubro de 2023, Maria Júlia nasceu e junto nascia a mãe Débora. Hoje, as famílias seguem presentes uma na vida da outra. Maria Júlia cresce cercada de amor e carinho. Mariana se tornou madrinha da menina e reforça que apenas emprestou sua barriga. “Vi meus amigos sofrendo para ter um filho e, se eu podia ajudar, por que não faria isso?" O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Mariana no podcast e, assim como ela tava ali para a Débora quando a amiga mais precisou, o Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http:/instagram.com/oxxobrasil. O Histórias para ouvir lavando louça é um podcast do ter.a.pia apresentado por Alexandre Simone e Lucas Galdino. Para conhecer mais do ter.a.pia, acesse historiasdeterapia.com. Edição: Fábio Nariz Roteiro: Luigi Madormo…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Jacira cresceu acreditando que a vida podia ser diferente, mas encontrou barreiras que pareciam impossíveis de passar. O primeiro namoro veio cedo e com ele a violência. O cara passou a persegui-la, a ameaçá-la depois que ela negou se relacionar sexualmente com ele. Foi nessa época que Miguel apareceu em sua vida. Ele era amigo dos irmãos dela e um dia defendeu Jacira do namorado. Naquele momento, Miguel se tornou um príncipe. Com apenas 13 anos, ela decidiu se casar com ele, que tinha 17. Imaginava que o casamento traria liberdade, mas a realidade foi outra. Ele foi se tornando mais um peso, alguém que dependia dela para tudo. As mulheres ao seu redor tinham marcas no corpo, seus maridos tinham outras mulheres e Jacira passou a considerar isso normal. Seus sonhos não tinham espaço naquela realidade. Com 14 anos, Jacira já tinha 2 filhas. O pouco que ganhava mal cobria as necessidades básicas. Foi nessa época que encontrou alívio na música. Rita Lee, Bethânia... Elas cantavam, e Jacira pensava: se alguém canta, é porque existe. Ela queria existir também. Sem perceber, ela passou 8 anos naquela vida. Quando se deu conta, não tinha uma mesa inteira, nem fogão, nem cama. Só o essencial para sobreviver, seus 4 filhos e um casamento falido. Até que um dia ela disse: basta. Seguir sozinha não era algo fácil, mas não era impossível. Sua mãe também foi mãe solo. Outras tantas também eram. E ainda assim, o mundo seguia em frente. Algumas pessoas lhe diziam que precisava estudar, e foi o que ela fez. Terminou o ensino fundamental, correu para fazer enfermagem, se formou aos 30 anos. Foi assim que Jacira entendeu que o crescimento vem quando se deixa certas coisas para trás. Amigos que não agregam, relações que só sugam, casamentos ruins. Ela refletia todos os dias sobre o que fazia sentido. Sua vida nunca foi sobre sorte, mas sobre persistência. Sabia que não poderia pagar uma faculdade para os filhos, mas garantiria que eles nunca passassem fome. Com o tempo, sua casa foi tomando forma, se tornando o lar que ela merecia. Hoje, Jacira não pode ser rotulada apenas como a mãe de um cantor famoso. É mulher, escritora, alguém que construiu sua própria existência, apesar de todas as dificuldades. Sua vida não foi sobre esperar um príncipe, mas sobre aprender que ela mesma sempre foi a sua melhor salvação.…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Por medo do preconceito, o primeiro beijo em público que Dora deu em sua esposa, Silvia, foi no velório dela. Dora sempre viveu uma vida moldada pelas expectativas dos outros. Casou-se jovem, aos 19 anos, com um homem, e dessa união teve uma filha. Certo dia, uma mulher deu em cima dela. Foi nesse momento que Dora percebeu algo novo, uma sensação diferente. Antes mesmo de se separar do marido, Dora cedeu à curiosidade e ao desejo, vivendo sua primeira experiência com outra mulher. Foi libertador. Depois disso ela se separou. Algum tempo depois, em uma sala de bate-papo da UOL destinada a mulheres lésbicas, Dora conheceu Silvia, que usava o apelido Raio de Sol. Elas conversaram durante horas na madrugada, até trocarem telefones. Quando finalmente se encontraram pessoalmente, Dora sentiu seu coração disparar ao vê-la pela primeira vez. Desde aquele dia, nunca mais se separaram. Mas o medo do preconceito estava sempre presente. As duas andavam pelas ruas sem poder segurar as mãos, se diziam amigas. Dora sentia o peso de viver escondida. Apesar do medo, construíram uma história de amor que durou 13 anos. Silvia era o centro do mundo de Dora, mas o destino tinha outros planos. Certo dia, Dora recebeu a notícia que ninguém quer receber: Silvia havia desmaiado na escola onde trabalhava e não resistiu. O mundo desabou. O amor da sua vida havia partido sem aviso. No velório, cercada por amigos, colegas e familiares, Dora sentiu uma coragem que nunca tivera antes. Aproximou-se do caixão, olhou para Silvia e, pela primeira vez, beijou sua esposa em público. Naquele instante, não importava mais o que os outros pensassem. Era apenas ela e Silvia. Um beijo de despedida, mas também de libertação. A partida de Silvia trouxe reflexões profundas para Dora. Ela percebeu o quanto o medo havia limitado sua felicidade, o quanto deixara de viver plenamente por receio do julgamento alheio. Foi nesse momento que decidiu mudar. Aos 72 anos, Dora não esconde mais quem é. Diz com orgulho que é uma mulher lésbica e idosa. Hoje, ela vive livre e sem medo, inspirando todos ao seu redor com sua história.…
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Histórias para ouvir lavando louça
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A Ana precisou de 14 anos para entender o trauma que passou após um grave acidente de ônibus. Ana nunca teve medo de andar de ônibus, mas naquela noite, a caminho da Festa Literária de Paraty acompanhada de uma amiga, ela não estava se sentindo bem. O pai da amiga, ao se despedir na rodoviária, pediu ao motorista para dirigir com cuidado, porque dentro daquele ônibus havia um "tesouro". Essa frase ecoaria na mente de Ana por anos. As duas tentaram sentar juntas, mas não conseguiram. Ana acabou ficando nos bancos do fundo. Na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, o ônibus estava rápido demais. Quando chegou a uma curva, Ana sentiu o peso do veículo, as rodas saindo do chão e, antes que pudesse reagir, ouviu uma voz dentro de si: "Vai ficar tudo bem." O ônibus capotou. Tudo aconteceu em segundos e sua primeira reação foi procurar pela amiga, mas ninguém respondia. Um silêncio pesado tomou conta do ambiente. Ela conseguiu sair antes de todos e quando chegou lá fora, viu que o ônibus estava de cabeça para baixo, preso por uma estrutura de pedras que evitou que caísse ainda mais no barranco. 4 pessoas haviam morrido, incluindo uma criança de 7 anos. Sua amiga, Paula, estava viva. O corpo de Ana só começou a sentir dor na tarde do dia seguinte, no hospital, quando ela encontrou a mãe. Até então, sua energia foi dedicada a ajudar os outros, a entender o caos. Depois disso, o trauma foi engavetado, mas continuava lá. Durante uma sessão de terapia, 14 anos depois, Ana percebeu que nunca havia dado a si mesma o direito de sentir medo ou dor. Ana ainda carrega perguntas para as quais nunca terá respostas: "Por que eu sobrevivi e uma criança de sete anos não?" Mas, em vez de se perder nelas, escolheu encontrar propósito na dor e na memória. E talvez seja isso: a vida continua, mesmo quando parece impossível. Ana sobreviveu ao acidente, mas levou 14 anos para sobreviver ao trauma. E só agora, com coragem e compaixão, ela está construindo um caminho onde a dor não é apagada, mas transformada.…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Nascida na Venezuela, Dennys foi diagnosticada com câncer de colo de útero aos 26 anos. A doença trouxe não apenas o desafio de lutar pela própria vida, mas também expôs as enormes falhas do sistema de saúde em meio à crise que a Venezuela passa. Sem acesso a medicamentos e itens de higiene como sabão, Dennys enfrentava muitas dificuldades. Com uma bolsa de colostomia como resultado de uma cirurgia de emergência, ela dependia da solidariedade dos vizinhos para conseguir se manter limpa. Foi nesse contexto desesperador que sua mãe sugeriu algo impensável: vir para o Brasil. Com apenas as roupas do corpo e os papéis que comprovavam sua condição de saúde, Dennys partiu com a esperança de encontrar ajuda por aqui. Ao chegar na fronteira de Roraima com a Venezula, ela foi acolhida pela ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e pela primeira vez em muito tempo, Dennys se sentiu protegida. Ela e sua família foram encaminhadas para um abrigo onde permaneceram por quase dois anos. A adaptação não foi fácil. Após anos sem trabalhar e com sua saúde ainda debilitada, Dennys não acreditava que seria capaz de recomeçar. Foi então que ela conheceu o programa Empoderando Refugiadas, voltado para a capacitação profissional e a integração no mercado de trabalho, e conseguiu uma vaga em São Paulo. Dennys começou a trabalhar em um shopping, que proporcionou a estabilidade que ela tanto buscava. “O que eu não recebi no meu país, recebi aqui: oportunidades, dignidade e respeito”. Suas filhas, agora com 19 anos, também participam do programa, criando um futuro melhor para a família. Hoje, Dennys vive com mais estabilidade, carregando consigo não apenas as cicatrizes do que enfrentou, mas também a certeza de que sua determinação e a solidariedade que encontrou pelo caminho transformaram sua história. Essa história foi contada em parceria com a Acnur. A Acnur junto a seus parceiros oferece ajuda financeira, proteção, abrigo e itens de emergência para pessoas em busca de proteção internacional. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Lígia estava prestes a realizar o sonho de ser mãe quando sua vida mudou de forma inesperada. Quando ela entrou em trabalho de parto da sua primeira filha, a Laura, descobriu no ultrassom que o coraçãozinho da bebê não estava mais batendo. Quando a Lígia soube que estava grávida da Laura, seu mundo se encheu de expectativas. Sua gravidez foi tranquila. Cada ultrassom, cada mexida na barriga, trazia a alegria de imaginar o futuro. Já planejavam a escolinha, os passeios, os detalhes da nova vida a três. Com suas expectativas estilhaçadas, o choque foi tão grande que Lígia sequer compreendeu de imediato. Ela foi levada à sala de parto e, ao invés de dar à luz uma nova vida, viveu um dos momentos mais dolorosos de sua existência. Sem acolhimento, sem explicações, e com o coração despedaçado, Lígia ficou com Laura nos braços por um breve período. Não há fotos, apenas memórias que insistem em desaparecer com o tempo. O hospital não parecia preparado para lidar com o luto. Enquanto processava a morte da filha, era colocada em um corredor repleto de mães que ouviam o choro de seus bebês recém-nascidos. E, como se não bastasse, profissionais de saúde entravam no quarto com perguntas desconectadas da realidade: “Como está indo a amamentação?” Lígia foi submetida a uma cesariana e, por isso, não pôde ir ao velório da filha, e a partir daí o vazio tomou conta. Amigos e familiares evitavam falar de Laura, como se o silêncio pudesse apagar o que aconteceu. Para Lígia, era como se a vida de sua filha não tivesse existido. Essa ausência de espaço para falar sobre Laura só intensificava a dor. A depressão veio com força. Lígia se sentia presa entre o mundo que esperava que ela "superasse" a perda e a realidade de sua dor irreparável. Em um retiro de silêncio, percebeu que precisava de um espaço para falar sobre sua filha, para lembrar, para honrar sua existência. Foi dessa necessidade que nasceu a ideia do @institutolutoparental, um lugar onde mães e pais poderiam falar de seus filhos, independentemente das circunstâncias de suas partidas. O projeto começou pequeno, mas cresceu, acolhendo não apenas famílias, mas também profissionais de saúde, que muitas vezes não sabem como lidar com essas situações. A chegada de Gael, seu segundo filho, trouxe um novo medo, mas também renovou sua força. Quando ele nasceu, saudável, ela sentiu um alívio, mas nunca deixou de lembrar da filha. O instituto tornou-se um espaço onde ela podia ouvir o nome de Laura, compartilhar suas histórias e ajudar outras famílias a viverem seu luto de maneira plena e acolhida. Hoje, Lígia luta para que histórias como a de Laura sejam lembradas. Porque uma vida, mesmo que breve, merece ser honrada, e o luto de uma mãe ou pai deve ser respeitado. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Jaqueline foi adotada aos seis anos e a família que a adotou resolveu devolvê-la aos 13. Isso só aconteceu porque nos anos 1980 eram comuns as “adoções à brasileira”. Não havia juízes, papéis ou burocracias: apenas a decisão de sua avó biológica, que não tinha mais condições de cuidar dela. A avó perguntou na igreja se alguém estaria disposto a adotar uma menina, e uma família se prontificou. A partir daquele momento, Jaqueline tinha um novo lar. Mas o que parecia ser um recomeço, logo revelou outra face. Ao invés de orientação, Jaqueline encontrou violência. Quando Jaqueline tinha dez anos ela foi levada para casa da sua irmã adotiva, que casou e engravidou, para ajudar com as tarefas domésticas. Depois de passar por uma experiência traumática na casa da irmã, Jaqueline foi culpabilizada e sua mãe decidiu devolvê-la, ao invés de protegê-la. Ela pegou Jaqueline e passou o dia procurando alguém que pudesse "ficar com ela". Assim começou uma dolorosa saga: meses em uma casa, depois em outra, sempre sentindo que era um peso. As dificuldades continuaram quando Jaqueline foi mandada ao Rio de Janeiro para "ajudar" em casas de outras pessoas. Sem salário, cuidando de crianças e sobrevivendo apenas com comida e abrigo, ela se sentia descartável. Os anos passaram e ela começou a pensar que a rua talvez fosse um lugar melhor: pelo menos ali, ninguém poderia abandoná-la novamente. Foi aos 20 anos que Jaqueline conheceu Jo, a conselheira da juventude da igreja. Ao ouvir sua história, Jo chorou, mas rapidamente tomou uma decisão: ofereceu-lhe um lar. Pela primeira vez, Jaqueline sentiu-se verdadeiramente acolhida. Jo colocou Jaqueline de volta nos trilhos: incentivou-a a estudar, ofereceu apoio emocional e a ajudou a encontrar seu primeiro emprego. 30 anos depois, Jaqueline ainda mora com Jo. Hoje, Jaqueline se dedica a uma causa muito especial: lutar pelos direitos das crianças e adolescentes. Sua história foi ressignificada, mas ela sabe que muitas outras continuam em curso. Ela escreveu um livro para espalhar sua mensagem e tem orgulho de quem se tornou. E é com essa força que Jaqueline segue em frente, determinada a fazer a diferença. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Desde criança, Erasmo tinha o sonho que parecia ousado para os padrões da sociedade: ser pai por adoção. Enquanto as pessoas imaginavam famílias convencionais, ele dizia com firmeza que não queria se casar, mas sabia que poderia ser pai sozinho. Essa convicção o acompanhou pela vida e se fortaleceu na vida adulta, com sua participação em grupos de apoio à adoção. O momento que deu início a sua jornada começou de forma inesperada. Ele estava distraído, debruçado sobre a bancada, quando uma mensagem chegou em seu celular. Era a foto de Gustavo. "Esse é Gustavo. Sonha muito em ter uma família", dizia a mensagem. Naquele instante, algo dentro de Erasmo mudou. Seu processo de habilitação para adoção estava pausado, pois ele e sua família enfrentavam um momento difícil com o diagnóstico de câncer de seu pai. Mas, ao ver Gustavo, ele não teve dúvidas: pediu à sua comissária de justiça que reativasse o processo. O ano era 2020, em meio a pandemia, e as primeiras conversas com Gustavo foram por vídeo. Ele fazia questão de ser honesto, explicando que não era casado e que essa era uma escolha pessoal. Gustavo, por sua vez, aceitou isso de coração aberto. Quando finalmente se encontraram, Erasmo viu o menino descer a rampa com uma mochilinha nas costas, e ele não conteve as lágrimas. A vida ao lado de Gustavo trouxe novas experiências, mas também revelou um desejo que o garoto carregava: ter um irmão. Ele dizia que amava estar com o pai, mas se sentia sozinho. Certo dia, Erasmo viu, por acaso, um vídeo no Instagram do projeto Seja Pernambuco. Nele, um menino chamado Daniel, de 14 anos, dizia com serenidade: "Eu gostaria muito de uma família para me amar e para eu dar amor." As palavras tocaram Erasmo profundamente. Sem falar nada a Gustavo, ele entrou em contato com a assistente social responsável. Ao conhecer Daniel, a conexão foi imediata. Para sua surpresa, ao vê-lo pela primeira vez, Daniel o chamou de "pai" sem hesitar. "Pai, eu não vejo a hora de estar com vocês", dizia o menino durante as chamadas. Erasmo também aguardava ansiosamente o momento em que buscaria o filho caçula. A recepção foi calorosa, com a avó preparando comida e uma pequena celebração em família. Hoje, Gustavo e Daniel compartilham uma cumplicidade que comove quem os conhece. Nos sete meses desde que se tornaram irmãos ficaram muito conectados. Antes de sair de casa, fazem questão de se abraçar e dizer "eu te amo". Para Erasmo, isso é o reflexo do ambiente que sempre quis criar: cheio de afeto, carinho e presença. A decisão de adotar crianças mais velhas trouxe desafios. A sociedade muitas vezes insiste na ideia de que é melhor adotar crianças pequenas para "moldá-las". Mas Erasmo sabia que adaptação não é uma via de mão única. Ele se adaptou a Gustavo e Daniel tanto quanto eles se adaptaram a ele. Juntos, criaram uma família que valoriza cada "primeiro momento" — a primeira ida à praia, a primeira consulta no dentista. Ele acredita que esses momentos têm a mesma importância, independente da idade dos filhos. Erasmo também enfrentou preconceitos. Muitos questionaram sua capacidade de criar filhos sozinho, e até insinuaram maldades sobre sua relação com Gustavo. “A maldade está na cabeça de quem a diz, não na minha", ele rebate. Sempre ensinou aos filhos que amor e afeto não diminuem a masculinidade de ninguém. "Ser homem significa demonstrar amor, cuidado e respeito", ele afirma. Emocionado, Erasmo reflete sobre o impacto que Gustavo e Daniel tiveram em sua vida. "Eles fizeram muito mais por mim do que eu por eles. A sociedade pensa que adotar é caridade, mas a verdade é que eles me tornaram um homem melhor." E assim, com coragem e amor, Erasmo construiu uma família que desafia padrões, preconceitos e expectativas, mostrando que o que define um pai não é o sangue, mas o coração. Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Gabriel sempre soube que era gago. Desde criança, ele enfrentou o julgamento silencioso e impaciente de quem ouve, mas não tem paciência para escutar. Na escola, ler em voz alta nas aulas era um pesadelo. Gabriel sofria por antecipação, esperando ansioso e tenso até chegar a sua vez, como se a cada segundo aumentasse a expectativa e o medo de “falhar” por conta da gagueira. A gagueira sempre o colocou numa posição delicada, especialmente quando ele descobriu que queria seguir na área de comunicação. Ele sentia que era constantemente empurrado a um papel de silêncio, de timidez, como se o mundo ao redor insistisse que pessoas como ele não deveriam falar, não deveriam se impor. Por sorte, Gabriel percebeu que sua gagueira era um desafio, mas não uma fraqueza. Ele faz questão de deixar claro que não precisa ser completado ou interrompido, porque sabe o que quer dizer e sabe como quer dizer. Ele sabe que muitos preferem ver vídeos prontos, onde não precisam lidar com a ansiedade de sua fala pausada. Até sua mãe, depois de assistir seus vídeos, admitiu que entendeu algo que antes não enxergava: a boa intenção dela, por vezes, se confundia com uma tentativa de “corrigi-lo”. No caminho de aceitação, Gabriel precisou superar não só os preconceitos externos, mas também o peso dos mitos que cercam a gagueira. A gagueira é, geralmente, genética e, em alguns casos, resultado de traumas, e cada pessoa que gagueja precisa encontrar seu próprio caminho de aceitação. Hoje, Gabriel está no auge de sua autocompreensão. Ele não busca mais uma “cura” para sua fala. Ele sabe que, na sociedade, o que foge da norma gera incômodo, mas, ao contrário do que muitos esperam, ele não quer se enquadrar. Ele entende que sua gagueira não o torna menos capaz. Na verdade, ela o torna uma voz importante para todos que compartilham dessa experiência. Afinal, todo mundo tem direito de falar e fazer sua voz ser respeitada. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Lanna Holder e Rosania Rocha são pastoras, lésbicas e casadas, e desafiam os padrões dentro da comunidade religiosa. Lanna, missionária evangélica, passou anos pregando sobre "cura gay", já Rosania, por sua vez, era uma cantora gospel com uma jornada de vida igualmente profunda. Quando se conheceram, foi como se algo em ambas despertasse. Lanna, mesmo dedicada ao ministério, sentiu uma conexão imediata e inédita ao ver Rosania pela primeira vez. Elas sabiam que era algo especial, mas tentaram reprimir o que sentiam, orando e buscando apoio na igreja. Mesmo assim, o amor que nasceu entre as duas era forte demais para ser ignorado. O que começou com uma amizade cheia de carinho e compreensão se transformou em algo profundo e verdadeiro. O caminho não foi fácil; elas enfrentaram o preconceito, a rejeição e até perderam amigos e familiares. Mas, em meio à dor, Rosania voltou para estar ao lado de Lanna, oferecendo o apoio que ela precisava em um momento difícil. Juntas, elas encontraram a força para enfrentar tudo e perceberam que seu amor era, na verdade, uma bênção. A experiência que viveram as inspirou a fundar a Cidade Refúgio, uma igreja que acolhe com amor e respeito a todos, especialmente a comunidade LGBTQIA+. Elas acreditam que Deus as uniu para construir um espaço de fé e acolhimento, onde o julgamento não tem lugar e onde todos podem ser amados como são. Hoje, Lanna Holder e Rosania Rocha são pastoras e vivem seu amor com orgulho e fé. Elas continuam a compartilhar a mensagem de que Deus não vê diferenças e que há lugar para todos na igreja. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Anderson tinha 3 anos quando começou a passar longos períodos internado em um hospital. A rotina era marcada por procedimentos médicos, exames e a solidão. Naquela época, não era permitido acompanhantes, mesmo com crianças, então quando as visitas da mãe terminavam, Anderson ficava sozinho. Sem acompanhante, sem uma distração que o tirasse do peso do que estava vivendo ali. Era um quarto vazio e muito silêncio. Anderson olhava para o teto e esperava a hora passar. Na época, as internações pediátricas não tinham palhaços, visitas inesperadas que mudassem o clima pesado. Era só ele, uma criança tentando entender aquele universo sem nenhum suporte além das visitas diárias da mãe e o possível que a equipe médica tentava fazer. Já adulto, ele conheceu o trabalho dos @doutoresdaalegria, um grupo de palhaços que visita hospitais para aliviar a tensão dos pacientes. Ele se reconheceu naquele trabalho, achou que talvez fosse sua vez de fazer pelo outro o que ele tanto sentiu falta. Fez o curso de palhaço e começou a atuar no Recife. Lá, ele aprendeu a colocar o nariz vermelho e a entrar nos quartos sem saber ao certo o que esperar — apenas que estava ali para oferecer algo que ele mesmo nunca teve. Quando Anderson voltou a São Paulo, foi designado justamente para o hospital onde passou a infância internado. Andando pelos corredores, ele reconheceu os espaços e lembrou das horas que passava ali sozinho. Voltar ali foi como ver a própria história de outro ângulo. Agora, ao entrar nos quartos, ele se vê naquela criança que ele foi um dia, no olhar assustado das crianças que ele encontra. Hoje, Anderson sabe que o que ele faz não apaga o que ele passou, mas ele percebe que essa experiência também lhe deu algo: uma compreensão verdadeira do que significa estar ali, esperando alguém que traga algo além de remédios. Ele é a presença que um dia ele mesmo quis ter. E cada sorriso que provoca é, ao mesmo tempo, para as crianças e para o menino que ele foi. A história do Anderson tá disponível no site historiasdeterapia.com/historias. O projeto Doutores da Alegria já ajudou mais de 2,5 milhões de pessoas em seus 30 anos de existência, mas devido ao número insuficiente de doações, as atividades nos hospitais de Pernambuco e Rio de Janeiro e em 80% das unidades de saúde de São Paulo foram interrompidas. Para que o projeto continue levando alegria, faça uma doação pelo pix socios@doutoresdaalegria.org.br ou pelo site doutoresdaalegria.org.br. #EspalheAlegria Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias para ouvir lavando louça
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Jaqueline cresceu sem saber muito sobre suas raízes e só foi ter certeza de quem era sua família com a morte de um parente na TV, o caso do indígena Galdino, assassinado em Brasília. Ainda criança, Jaqueline fez uma pergunta que ficaria sem resposta por muitos anos: “Vó, a gente é índio?”. A avó reagiu apenas com um gesto: 🤫. Naquela época, ser indígena não era motivo de orgulho, mas de medo. Quando Jaqueline tinha apenas oito anos, sua mãe faleceu, e a família foi levada para a Bahia, para viver com sua avó. As lembranças desse período são marcantes: a casa simples de barro e palha, sem energia elétrica, e as lições de vida que a avó ensinava, mesmo sem saber ler ou escrever. Era uma vida simples, mas cheia de amor e partilha. Aos 15 anos, Jaqueline voltou para Ribeirão, mas o retorno foi doloroso. Na escola, a vergonha por suas origens a fez esconder quem ela realmente era. O pacto de silêncio da família sobre a identidade indígena pesava sobre ela, e Jaqueline respeitava isso. Não falava sobre o assunto. Tudo mudou em um domingo, quando seu pai pediu para ligarem a televisão. O que ela viu na tela mudou sua vida para sempre. Era o velório de Galdino Jesus dos Santos, um indígena assassinado em Brasília. Seu pai começou a apontar para a tela, reconhecendo rostos: “Essa é minha tia, esse é meu primo”. Foi naquele momento que Jaqueline soube que sua família era parte do povo Pataxó Hã Hã Hãe. Não havia mais como negar quem ela era. Jaqueline descobriu a história dolorosa de sua avó, que havia sido expulsa de suas terras por fazendeiros. O trauma de ser perseguida deixou marcas profundas, e sua avó optou por silenciar sobre seu passado. Em 2000, Jaqueline decidiu visitar a aldeia de Catarina Caramuru Paraguaçu. Foi lá que ela reencontrou seus tios e ouviu as histórias de luta pela terra, histórias de resistência e coragem. Foi lá que ela recebeu um documento do cacique, comprovando seu sangue indígena. Porém, a luta por reconhecimento continuava. Durante a pandemia, Jaqueline ouviu de uma enfermeira que não poderia tomar a vacina antecipadamente, como era liberado para pessoas indígenas, porque ela não “andava pelada”. Mas Jaqueline não se calou e passou a representar os indígenas da sua cidade, lutando para que sua família e outros fossem reconhecidos. Em 2024, ela viu um marco importante: foi inaugurado o primeiro posto de saúde com uma sala de referência para atendimento aos povos indígenas no ABC paulista. Hoje, Jaqueline carrega com orgulho a identidade que um dia foi motivo de silêncio e medo. Ela é Pataxó Hã Hã Hãe, e sua luta pelo reconhecimento indígena é o legado que sua avó lhe deixou. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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